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Parque Nacional da Serra do Cipó – MG

No início dos anos 70 foi pleiteada a criação de um parque para proteger as belezas naturais da Serra do Cipó. Após estudos da flora e fauna e elaboração de um detalhado levantamento da área, em 1978 o parque estadual foi criado. Entretanto como o governo estadual não possuía recursos suficientes para promover as desapropriações, os conservacionistas mineiros com o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência reivindicaram a transferência da área para o governo federal. A partir daí o antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) conseguiu adquirir amigavelmente dos proprietários mais de 40% das terras, sendo que no dia 25 de setembro de 1984 foi publicado o Decreto nº 90.223 criando o Parque Nacional da Serra do Cipó.

Situado na serra do Espinhaço o Parque possui uma área de 33.800 hectares que corresponde à superfície total da cidade de Belo Horizonte, envolve terras dos municípios de Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar e Itambé do Mato Dentro, e é administrado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Visando dar uma maior proteção aos ecossistemas da região, dia 26 de janeiro de 1990 o governo federal através do Decreto nº 98.891 criou a área de proteção ambiental denominada APA Morro da Pedreira, que circunda todo o Parque e envolve uma superfície de 66.200 hectares.

A região do Parque caracteriza-se por altitudes significativas, em geral variando entre 900 e 1.600 metros, sendo que alcança na Serra da Mutuca, extremo sudeste do Parque, 1697 metros. Este relevo acidentado dá origem a cachoeiras e corredeiras de grande beleza visual, a exemplo das cachoeiras da Farofa e da Braúna e o cânion dos Confins. Em locais de topografia propícia e drenada por muitos córregos a flora aquática também é muito rica em variedades. O clima na serra é do tipo tropical de altitude com verões frescos e estação seca bem definida, sendo que as temperaturas médias oscilam entre 17 e 19ºC.

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A topografia e a variação do clima nas diversas altitudes do Parque deram origem aos seguintes principais tipos de vegetação:

I) MATAS DE GALERIA – localizada no fundo dos vales úmidos e ao longo dos cursos d’água, constituída de vegetação mais desenvolvida e frondosa, sendo suas principais espécies o pau-pombo, a copaíba, o limãozinho, as quaresmeiras, os crótons e as samambaiaçus;

II) CAMPOS RUPESTRES – são campos limpos caracterizados por gramíneas diversas e tufos de vegetação arbustiva, estes constituídos principalmente por canelas-de-ema (velósias gigantes), sempre-vivas, bromélias e cactos, além de inúmeras espécies de orquídeas. Em geral eles se situam em altitudes superiores a 900 metros, onde normalmente não encontramos poeira, daí o colorido de suas pedras só é alterado pela presença abundante de liquens das mais variadas formas e cores, geralmente emoldurados por flores de grande beleza. Neles o clima é adverso e atinge temperaturas extremas, muito elevada no verão e no inverno às vezes inferior a 0ºC;

III) CAMPOS CERRADOS – junto aos campos rupestres, em condições semelhantes de altitude e clima, mas outras condições de solo, encontram-se manchas de cerrados facilmente identificáveis pelas árvores baixas e tortuosas e pela presença de espécies típicas como o murici, o pau-terra, a quaresmeiras e os ipês. Neles são muitas as gramíneas, e podem também ser observadas sempre-vivas.

Como chegar no Parque Nacional da Serra do Cipó

O Parque Nacional da Serra do Cipó se localiza a 110 Km de Belo Horizonte, acessível pela estrada MG-010, passando por Vespasiano, Lagoa Santa e Jaboticatubas, até o distrito de Cardeal Mota em Santana do Riacho. A partir do Km 94, antes da ponte do rio Cipó, pega-se um trecho à direita da MG -010 com três quilômetros de estrada de terra, que leva à portaria do IBAMA. Maiores informações (0xx31) 3718-7228.

Flora e Fauna

Desde o século passado a Serra do Cipó vem sendo observada com muito interesse por diversos estudiosos. Cientistas famosos como o naturalista francês August de Saint-Hilaire, o botânico alemão Carl Friedrich Phillip von Martius e o naturalista inglês George Gardner ficaram impressionados, por exemplo, com os campos rupestres. Os brasileiros Ailton Joly e Nanuza Menezes dedicaram boa parte de seus estudos e pesquisas à vegetação local. O paisagista Roberto Burle Marx dizia que começou a entender mais as plantas quando passou a acompanhar o botânico mineiro H. L. Mello Barreto em suas visitas a Serra do Cipó, e sempre que retornava para buscar inspirações dizia-se cada vez mais fascinado. Segundo os botânicos as 1.600 espécies já catalogadas atualmente não devem representar nem a metade do que deve existir na região, e se tem notícia de que mais de trinta dessas espécies estão sendo objeto de pesquisa em laboratórios do país e do exterior.

Na parte baixa da serra predomina a vegetação de cerrado, enquanto na região mais alta são encontrados principalmente os campos rupestres, de elevadíssima diversidade florística e onde alguns cientistas consideram que se concentra uma das mais ricas comunidades vegetais do mundo, inclusive com numerosas plantas endêmicas, ou seja, que só existem lá.

Dentre as plantas destaca-se a ocorrência das sempre-vivas (família das Eriocaulaceae) cujas flores secas, pelo fato de não murcharem nem perderem a cor, são muito utilizadas em ornamentação. Bastante freqüentes são as curiosas canelas-de-ema gigantes (Vellozia gigantea), que podem atingir até seis metros de altura e um metro de circunferência na base do tronco. São encontradas também orquídeas de várias espécies, bromélias, margaridas, cactos, ipês e quaresmeiras, além de fascinantes liquens coloridos que brotam sobre as pedras. Enfim, a multiplicidade de espécies vegetais é tão grande que a região encontra-se permanentemente florida durante todas as estações do ano, sendo considerada um verdadeiro laboratório a céu aberto, um paraíso para os botânicos.

Para assegurar a perpetuação das espécies, as flores que cobrem os campos utilizam variadas estratégias e curiosos mecanismos de polinização. As que são polinizadas por abelhas exibem em geral flores amarelas ou azuis, com pigmentos que refletem a luz ultravioleta. Como os insetos conseguem enxergar esse espectro de luz aos seus olhos as plantas brilham, assim, dependendo da distribuição dos pigmentos, as flores passam a ser vistas nos campos da serra como autênticas rodovias de néctar, o alimento que o vegetal oferece ao polinizador como forma de recompensa. Quando são polinizadas por borboletas as flores são perfumadas e refletem a luz ultravioleta, já a dos pássaros não possuem perfumes tampouco refletem a luz ultravioleta visto que eles não podem percebê-los. Para atrair os morcegos elas exibem cores brancas e oferecem grande quantidade de néctar.

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São também fascinantes os recursos utilizados pelas plantas para sobreviver na serra. Para economizar água, por exemplo, espécies como os cactos e as orquídeas tornam-se carnosas. Com isso, durante a noite elas fixam nas folhas o CO2 atmosférico, vital para as plantas clorofiladas e indispensável para a fotossíntese. Assim, durante o período diurno quando a fotossíntese será realizada elas já possuem armazenado o suprimento de gás necessário, ficando dispensadas de abrir pequenos poros da folha para coletá-los, processo esse que certamente as obrigaria a perder parte da água que lhes assegura a vida.

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A fauna da serra é bastante rica, sendo encontradas dezenas de espécies de mamíferos, anfíbios e aves. Destaca-se a paca, o tatu, o tamanduá-mirim, a jaguatirica, o veado, o macaco, a lontra, o lobo-guará e a capivara. Dentre as aves são vistos com freqüência gaviões, codornas, perdizes, azulões, sabiás, pica-paus, tucanos, pintassilgos e beija-flores. O beija-flor-de-gravata-verde (Augastes scutatus) e o pássaro Cipó Canesteros, ambos endêmicos da serra, despertam grande interesse em ornitólogos de várias partes do mundo, e vale lembrar que por garantir a reprodução das plantas o beija-flor é essencial para o ciclo de biodiversidade. Quanto aos peixes, além das variedades mais comuns, merece destaque a presença abundante da Pirapetinga, conhecida como a Truta brasileira. Essa espécie apresenta um elevado nível de exigência ambiental, habitando exclusivamente águas com altos teores de oxigênio dissolvido.

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Escrito por Mauricio Oliveira

Maurício Oliveira é social media expert, consultor e influenciador de turismo e empreendedor. CEO do portal Trilhas e Aventuras, também conta suas experiências de viagens pessoais no blog Viagens Possíveis. Especialista em Expedições na Rota das Emoções e Lençóis Maranhenses. Ama o que faz no seu trabalho e nas horas vagas também gosta de viajar. Siga no Instagram, curta no Facebook, assista no Youtube.

4 Comentários

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  1. Olá Maurício,

    A foto que sugere um coração com a cachoeira no meio e com uma flor rosa mais próxima da lente é de qual cachoeira?

    Obrigado pelas informações!

    Um abraço,
    Wellington

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