Expedição NOKIA DENALI 2007 – Investida ao cume do McKinley

A partir de agora todo o contato será feito através do telefone satelital onde serão gravados sonoras para transmitir um pouco do que estamos passando na montanha. Estamos no Segundo Acampamento. Abaixo você pode ver o caminho que vamos seguir até o cume. É a rota vermelha entre as três possíveis.

Segue alguns trechos transcritos das sonoras:

“Já nos disseram que esta tem sido uma das temporadas mais fria por aqui”

“O lugar tem uma paisagem muito bonita e tem pequenos aviões que pousam no gelo indo e voltando o dia todo levando e trazendo os alpinistas. Tem bastante gente por aqui e passamos o tempo todo no BC checando os equipamentos de segurança, treinando para andar encordados e puxar trenó com nossas cargas”

“Puxar o trenó em lugares planos ou nas descidas é bem tranquilos, mas nas subidas é bastante complicado. Além disso, estamos levando mochilas pesadas. Mas estão todos muito bem e chegamos ao Acampamento 2, a 2.200 metros sem problemas”

“Temos sol e luz o dia todo. Lá pelas 20h30 o sol se esconde e a temperatura cai bastante, mas continuamos com luz. Então temos que aproveitar o período em que o sol não aparece para caminharmos. Com o sol a neve derrete e as gretas ficam mais expostas e a possibilidade de cairmos é maior. Saímos do Acampamento Base em torno das duas horas da manhã e chegamos ao Acampamento 2 às oito da manhã com uma temperatura em torno de -20ºC, isso sem contar o vento”

“Viemos um encordado no outro, com os equipamentos de segurança pendurados no tórax para caso alguém precisasse ser socorrido”

“Estamos conversando se será melhor subirmos de uma só vez a 3.500 metros, um caminho bastante difícil, pois é bem inclinado e estamos com muita carga. Ou se levamos uma parte da carga, enterramos, voltamos, dormimos e subimos numa segunda etapa com o resto das coisas. Mas como estão se sentindo muito bem é bem provável que subamos de uma só vez”

Terceiro Acampamento

Estamos no Terceiro Acampamento. Como falei antes, a partir de agora todo o contato será feito através do telefone satelital onde serão gravados sonoras para transmitir um pouco do que estamos passando na montanha.

Abaixo você pode ver o caminho que vamos seguir até o cume. É a rota vermelha entre as três possíveis. Localize nele o CAMP 3. É onde estamos.

Segue alguns trechos transcritos:

“O tempo estava encoberto e eu acabei não passando muito protetor solar e acabei me queimando, mas estou tranquila. Foi muito difícil subir com todo peso, mas chegamos inteiros. Eu preferi carregar cerca de 20 quilos na mochila e deixar o peso maior para carregar no trenó” – Ana.

“Apesar de muito cansados estamos todos bem. O Clayton está com uma bolha no pé, mas a doutora Ana já está cuidando dele. E estamos abrigados, derretendo gelo para fazer água e uma comidinha quente. Pelo que temos notícias no começo de junho o tempo deve melhorar bem e acredito que vamos conseguir o nosso objetivo dentro do prazo que imaginamos” – Roman.

Quarto Acampamento

Abaixo você pode ver o caminho que vamos seguir até o cume. É a rota vermelha entre as três possíveis. Localize nele o CAMP 4. É onde estamos. Já é possivel ver nosso destino daqui a 4 ou 5 dias.

A investida ao Monte McKinley (DENALI)

Galera, é melhor vocês ouvirem nossa sonora para entender melhor o que passamos. Olhar para o topo a 20 metros e decidir voltar foi uma decisão muito difícil para nós.

Abaixo você pode ver o caminho que seguimos até o cume. É a rota vermelha. Localize nele o CAMP 4. Foi de onde investimos para o cume do McKinley.

“Não era mesmo o momento. Enquanto descíamos o glaciar, acabei escorregando e desci junto com o Roman, quase 150 metros. A nossa sorte foi o Andrew ter conseguido se equilibrar nas piquetas e nos segurou (os montanhistas andam sempre encordados uns aos outros). Ali é um local chamado Auto Ban porque uma expedição alemã não conseguiu se segurar há alguns anos e desceu direto para as gretas. Nós, felizmente, apesar do grande susto, estamos todos bem, sem nenhum ferimento maior”.

“É uma montanha que vale a pena voltar. O lugar aqui é maravilhoso. Uma paisagem magnífica. Ela pode ser baixa, mas é muito difícil, passei muito mais frio aqui do que no Everest”.

Galeria de Fotos da Aventura

Conquistamos o cume!

Finalmente de volta ao calor dos Trópicos!!! Sexta-feira dia 8/06, depois de 30 longas horas de vôos e conexões, aterrissamos na amada terra tupiniquim, com seus bons e calorosos 27 graus Celsius. Foram 23 dias de expedição, com 16 dias de montanha e muita mas muita transformação. As marcas físicas e superficiais (pequenas lacerações, arranhões e e congelamentos leves) já começaram o processo de regeneração, mas as marcas e transformações mais profundas, AH!!!, estas não saem, não curam e não doem mais, mas estão tatuadas na alma, eternizadas como um amadurecimento, um questionamento, uma vivência, uma parte de vida muito, muito bem vivida, muito sentida muito experimentada, demasiada degustada em seu mais puro sabor.

A vida retorna ao seu rumo e cotidiano. Cada um em seu canto, com seu trabalho, sua família, “quase” tudo como antes. Agora é a hora de descongelar, descansar, recuperar os quase 8 quilos e sentir o choque de realidades tão extremas. Em breve as estórias e “causos” entrarão no ar… Aguardem!!!

Muito obrigado a todos que nos apoiaram e torceram por nós, obrigado aos que ficaram, com suas angústias de nos verem partir e, no entanto, seguraram a barra enquanto saíamos de “férias”. Obrigado ao pessoal da NOKIA pela força e patrocínio, ao Dr Till do Vitackeup, que nos deixou mais tranquilos sobre a nossa condição corpórea e sistêmica. Gracias ao pessoal da posto 11 (Anderson e cia), cujos treinos foram matadores, mas eficientes. Obrigado à minha maninha pela inestimável trilha sonora, que salvou a alma nas horas de miséria. E um forte abraço ao pessoal do Trilhas e Aventuras!!!!

Autor: Roman Romancini
E-mail: [email protected]
Site: https://www.trilhaseaventuras.com.br