O litoral da Bahia é conhecido e procurado por turistas brasileiros e estrangeiros o ano todo. É garantia de sol, belas praias, e muita agitação em qualquer época do ano. Barra Grande, na Península de Maraú, tem tudo isso. E com uma vantagem: a agitação (e a conseqüente horda de turistas) não é o ano todo. Dizem que no carnaval esta pequena vila de remoto acesso fica lotada. Eu não pago para conferir.
O acesso já dificulta mesmo a “invasão”: é preciso ir até Camamu, distante mais de 300km de Salvador ou 150Km de Ilhéus, e dali um pequeno e leeeento barco através de uma região de manguezais, em mais 1h30 de viagem. Esta travessia já te transporta para o clima do lugar: o tempo transcorre devagar, permitindo a contemplação de cada detalhe das tantas belezas que vão surgindo. Para os mais acomodados, reza a lenda que há aviões ligando Barra Grande a Morro de São Paulo. Em setembro, não vi um sequer.
A chegada na vila repete o mesmo ritual de outros destinos onde entra-se por um cais turístico: você é logo abordado por crianças dispostas a carregar suas malas, indicar esta ou aquela pousada, atrás de comissão ou um trocado. Elas devem ter se decepcionado, pois chegamos praticamente sozinhos no barco, os outros 2 ou 3 passageiros pareciam habitantes locais. A vila se divide mais ou menos assim: na “orla”, pousadas mais sofisticadas, com conforto e altos preços. Daí para dentro, hospedagem muito simples, sem nenhum requinte. Chegamos procurando um camping e desistimos porque o único que nos foi apresentado era inabitável, no quintal de uma casa. Optamos por um quarto espaçoso e bem simples, que dividimos com diversas formigas de tamanho descomunal. Café da manhã? É por sua conta.
Aliás, alimentação é um capítulo à parte aqui. Não se pode ir a Barra Grande sem passar pelo McDidi. Uma kombi velha transformada em lanchonete, e a marca pintada copiando sem medo aquela grande rede mundial. Com a vantagem de oferecer refeições bem mais saborosas. Não há caixa eletrônico aqui nem em Camamu (acho até que tinha um, mas não era 24 horas). Se você não levar dinheiro suficiente, terá que fazer como nós e preparar as refeições na padaria e no mini mercado, dos poucos lugares que aceitam cartão de crédito.
À noite, não há o que fazer na vila. São poucos restaurantes com poucos freqüentadores entre os poucos turistas que ali estão. Quer coisa melhor? Ande pelas pequenas ruelas, passeie descalço pela areia da orla iluminada apenas pela luz da lua, e tire uma casquinha da estrutura das pousadas ali, sentando-se em uma das espreguiçadeiras e admirando o céu recheado de estrelas, tendo apenas o barulho das ondas a quebrar.
Durante o dia, não dá mesmo para ficar na vila. Há muita coisa para conhecer em volta, em um passeio de barco. Fomos apenas uns 10 passageiros, e parecia que éramos todos os “forasteiros” do local àquela hora da manhã. O passeio tradicional inicia pela Ilha da Coroa Vermelha, que não tem nada de ilha. É um imenso banco de areia que aflora na maré baixa, formando piscinas que aprisionam pequenos peixes, estrelas do mar, siris e atraem alguns pássaros, até que a água venha tomar tudo de volta. O guia diz que um cantor de axé quis comprar o local para fazer uma pousada. Barra Grande é mesmo protegida: a intenção foi rechaçada pelos órgão de proteção ambiental.
Segunda parada: a ilha da Pedra Furada. Esta não resistiu: é propriedade particular. Paga-se pela visita guiada pelo local, que tem apenas um habitante fixo, o caseiro que o guarda para as ocasionais visitas do verdadeiro dono. Ele sobrevive do que pesca nas caças submarinas, e o estoque de alimentos e água é trazido de Barra Grande pelos barcos de turismo. Não reclama da vida e parece satisfeito com o seu pequeno mundo. A felicidade é simples, a gente é que complica.
A grande atração mesmo não fica em Barra Grande: a Praia de Taipus de Fora, considerada uma das mais belas do Brasil, é distante e para chegar lá é preciso pegar uma das jardineiras (caminhonetes abertas adaptadas para passageiros) que só saem quando juntam seis passageiros (ou se você paga pelos 6), um quadriciclo ou encarar uma boa pedalada.
A viagem é sacudida e lenta, mas o destino compensa. Chegamos à praia quando ela ainda estava praticamente deserta. Diversos sombreiros e espreguiçadeiras se espalham pela areia, próximo a um quiosque. A princípio, é só mais uma linda praia com coqueiros no litoral baiano. Mas, à medida que a maré baixa, o cenário vai se transformando. Piscinas naturais começam a aparecer, com uma boa diversidade de fauna, e com elas a oferta de máscaras e snorkel. E – surpresa! – surgem land rovers despejando turistas como mágica, e as espreguiçadeiras começam a parecer poucas para acomodar todos. De onde saíram essas pessoas? A resposta foi a chave de nossa saída do paraíso: os passeios vêm de Itacaré, em uma trilha sacudida de muita areia fofa, que passa por alguns lagos interessantes, um “jardim” de bromélias gigantes, e uma travessia de balsa. Conversando muuuuuito em Barra Grande, com muita insistência e perseverança, você consegue encontrar um guia que tenha um contato e deixe agendada a sua passagem só de “volta”. Você sai da vila com as malas, entra numa land rover em Taipus de Fora, e passa a próxima noite já é em outro paraíso. Este bem menos protegido e conservado. Mas isso é tema para outra história…
Autor: Rafael Serpa
E-mail: rserpa@gbl.com.br
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