Pois bem, para se chegar até lá, é preciso percorrer uma longa maratona pelo interior da África, abrir mão dos confortos do mundo moderno e principalmente, abrir o espírito e a mente para uma fantástica descoberta.
A viagem começa em Fortaleza, ponto de partida do vôo semanal da Cabo Verde Airlines com destino à Praia, capital de Cabo Verde, nossos irmãos de língua encravados no meio do oceano Atlântico. De lá, são mais duas horas e meia de vôo até Dakar, a agitada capital do Senegal. Como conhecer o caminho é igualmente importante a chegar ao destino final, a opção a partir de Dakar é pegar um ônibus e encarar cerca de 70 horas de viagem até se chegar a Bamako, capital do país vizinho, Mali.
A viagem é duríssima, um transporte que beira o caos em termos de organização e pontualidade. Não há hora para sair e muito menos para chegar, com inúmeras paradas, fiscalizações do exército, pausas para as rezas dos muçulmanos (maioria esmagadora da população destes paises), contratempos causados pela total e completa falta de manutenção do veículo entre outros diversos fatores. Mas, afinal de conta, isto faz parte do processo de aclimatação ao continente africano, onde a cada parada tem-se a impressão de estar entrando em um outro mundo, que não passa nos canais de televisão e está a anos luz de distância de qualquer projeto de desenvolvimento econômico.
A partir de Bamako, pega-se um pequeno navio para uma viagem de 3 dias pelo grandioso rio Niger que cruza o Mali ligando-o a outros países da África sub-sahariana. O desembarque é feito em Mopti, uma pequena cidade ribeirinha, com uma agitada vida comercial, onde canoas gigantescas parecem transportar todo um vilarejo para os escambos e o comércio das ruas da cidade. Vê-se em Mopti caravanas Tuaregues trazendo blocos de sal retirados do deserto do Sahara, comitivas de pastores com suas cabras vindo dos vilarejos que podem estar a dias de caminhada, construtores artezanais de canoas que podem transportar mais de 50 passageiros, feitas com machados e pregos manufaturados a partir de sucatas pelos próprios carpinteiros. Enfim, o chegar em Mopti é também um desembarque no século XII. A partir desta cidade que inicia a viagem ao Pays Dogon.
Encravada atrás de uma coluna de montanhas entre o Mali e Burkina Faso, o Pays Dogon, preserva uma cultura praticamente intocada pelo mundo moderno. Diversos vilarejos compõe uma etnia com língua própria, costumes e cultura única. Embora convertidos ao Islamismo nos últimos séculos, a cultura de Dogon ainda carrega personagens místicos representados em sua arte e lendas. É de lá que surgiu a figura de Ogum, chefe tribal que comandava do alto dos penhascos a vida do vilarejo, decidindo a hora de plantar e colher, sendo a voz soberana da tribo nos assuntos mais importantes que precisavam ser resolvidos. Para celebrar uma boa colheita, Ogum escolhia uma família que elegia um de seus membros para ser sacrificado em meio a um ritual de dança de homens mascarados que simbolizavam suas crenças espirituais.
Atualmente as pequenas vilas do Pays Dogon continuam a viver isoladas da vida moderna, mas começam a despertar o interesse de viajantes, principalmente Franceses e Holandeses. Apesar disto, Dogon mantém seu ritmo pacato, sem água encanada ou luz elétrica. Uma cena constante nos vilarejos são as mulheres socando uma espécie de espiga de milho nos pilões de madeira, os homens trabalhando artesanalmente nas plantações ou cuidando de suas cabras que pastam em meio às terras áridas desta parte do continente Africano.
A viagem por Dogon é como um retrocesso em mil anos no tempo, onde as pessoas não tinham que se preocupar com o relógio e com o acúmulo de bens materiais, onde o ritmo de suas vidas era seguir as temporadas do plantio e da colheita e submeter-se às ordens e desejos de Ogum.
Veja o vídeo abaixo
Autor: Mário Neubern
E-mail: [email protected]
Site: http://www.marioneubern.nafoto.net
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