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Dicas de Fotografia de Cavernas

Aqui, abordaremos a logística necessária à realização de uma correta documentação fotográfica em uma caverna, dicas, problemas e exemplos comentados.

Os Espeleotemas (flores de caverna) representam todo um capítulo a parte na arte de fotografar cavernas. Aliás, não só eles, tudo em caverna é realmente especial de se fotografar. Tudo exige sua iluminação específica, para que então mostre sua beleza e particularidades específicas.

Na edição anterior, afirmei que a fotografia de cavernas guardava semelhanças com o trabalho de estúdio. Mas não só na foto de salões, na fotografia de espeleotemas não poderia ser diferente. Primeiro, vamos definir até que tamanho de foto estaremos compreendendo neste momento. Sugiro que abordemos áreas de no máximo 1 metro “cúbico”, com ênfase em peças de mais ou menos 40x40x40 cm, ou um pouco maiores. Nesta categoria podemos incluir as flores de aragonita, calcita, espaguetes, helictites, heligmites, estalactites e estalagmites pequenas, pérolas, piscina de travertino, vulcões e outras formações típicas.

A primeira coisa a fazer ao chegar ao lugar, é deixar a câmera e a euforia de lado e partir para roteirizar o trabalho, ou seja, o que irei fotografar, por onde começarei, por onde prosseguirei e onde pretendo encerrar. Dependendo de suas pretensões como fotógrafo de caverna, este trabalho de planejamento pode durar de alguns minutos até alguns dias. Não se trata de simplesmente estabelecer uma ordem para as coisas, e sim de otimizar o trabalho dentro do ambiente da caverna, naturalmente desfavorável para os equipamentos fotográficos. Estaremos sempre correndo contra o tempo, em ambiente inóspito e desfavorável.

Detalhes Importantes do Planejamento

Neste planejamento, não se esqueça de coisas importantes, como: estabelecer a ordem dos trabalhos, não seguindo apenas a topografia da caverna, e sim outros fatores, como por exemplo a própria distribuição dos espeleotemas nesta caverna.

Exemplo: Você fez uma foto que exigiu uma preparação um pouco maior, usou dois flashes rebatidos, precisou de mais uma pessoa para dar uma mão naquele momento, então procure finalizar todas as fotos que exigirão este procedimento/equipamentos, pois você poderá perder tempo empacotando e desempacotando coisas em momentos alternados, só porque os espeleotemas variam em sua distribuição pela caverna.

Percorra antes o local e faça uma lista em sequência lógica. Estabelecida a quantidade de coisas, a ordem e separado o equipamento, que vai também variar de acordo com o cronograma que você estabeleceu, é chegada a tão esperada hora, a de sair dando cliques em tudo que achamos belo.

Como Usar e Otimizar a Iluminação dos Flashes

Segundo passo: escolher os espeleotemas pela cor, forma e formação. Flores muito brancas, de calcita ou aragonita límpidas, ficam melhores com luz rebatida.

Para as fotos de close, quando você usa por exemplo uma teleobjetiva 200 mm, recomenda-se aberturas pequenas, entre f11 a f22, para obter melhor definição de texturas e menos excesso de luz. As vezes, são necessários dois disparos de flash, rebatidos um de cada lado.

Você pode usar tripé, flash com cabo longo e câmera na mão, ou ainda um recurso “gambiarra”, mas que já demonstrou dar certo. Com a câmera em “B”, clique já apontado para o espeleotema, enquanto outra pessoa, já treinada, dispara o flash da distância e ângulos combinados. Este esquema em geral exige certo treinamento em parceria, fotógrafo e “iluminador”.

Alguns espeleotemas, devido à suas localizações de perfil, permitem que se estenda por trás um cartão de papel, simulando um fundo uniforme que destaca melhor suas formas, que do contrário poderiam ser prejudicadas por um fundo confuso. E já que você desenrolou um cartão, aproveite e faça todas (ou quase todas) as fotos nas quais você pretende utilizá-lo. Em fotos de espeleotemas muito claros, abuse um pouco da subexposição.

Mas nem tudo são cores vivas ou translúcidas, muitos espelotemas possuem coloração ocre, pardacenta ou amarelada, as vezes marron, e neste caso sua beleza pode não estar em sua composição cristalina, na pureza, e sim em seu formato peculiar, ou até mesmo em seu curioso processo de formação.

Assim, explore melhor novos ângulos para a luz. Outro recurso muito empregado é o uso do “testemunho”, que é a inclusão, na foto, de um objeto que dê a escala, servindo para demonstrar qual é a verdadeira dimensão do assunto em questão. Pode ser um mosquetão, uma mão, uma pessoa agachada (neste caso, se o espeleotema for um pouco maior), um objeto qualquer.

É importante fazer mais de uma foto de cada, sempre com algumas variações na abertura e nos flashes, a fim de aumentar as chances de uma foto melhor. Com o tempo e a experiência, vai-se diminuindo a quantidade de fotos por assunto. Recomendo o emprego de filme cromo ASA 50 ou 64 para a fotografia de espeleotemas.

Filme negativo (convencional) não proporciona contraste e aproveita muito pouco da iluminação planejada. Filmes em P e B surtem bons resultados, dependendo de um pouco mais de experimentação e testes. Geralmente, os melhores são os de ASA 100.

Aqui, abordaremos a logística necessária à realização de uma correta documentação fotográfica em uma caverna, dicas, problemas e exemplos comentados.

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Na edição anterior começamos a abordagem da fotografia de espeleotemas, que encerraremos nesta. Dizíamos que a ordem dos trabalhos era uma das mais importantes ferramentas logísticas na fotografia de cavernas, (espeleotemas incluídos), assim como a escolha do filme, objetivas, recursos extras (cartões foscos, mais flashes e outros).

Falaremos agora de um importante acessório fotográfico, que pode otimizar seus trabalhos de documentação subterrânea – a fotocélula. Ela é um dispositivo muito simples, formado por um capacitor e um componente do mesmo nome, e sua utilidade é receber um impulso luminoso e simultaneamente disparar uma pequena carga contida em um capacitor que acionará um outro flash.

Uma fotocélula é um equipamento que dispara um flash ao receber um estímulo luminoso vindo de outro flash, respondendo tão rapidamente que obviamente é impossível perceber diferenças de tempo entre o primeiro e o segundo (trafegam na velocidade da luz!..). Se você vai fotografar um espeleotema que não pode ser bem iluminado com um disparo frontal ou mesmo com um só disparo, pode usar uma célula e combinar dois ou mais flashes saídos de diferentes direções.

Pode-se também optar, neste caso, por usar a câmera na mão, um flash nela e outro na mão de outra pessoa, devidamente posicionada, ou ainda a câmera no tripé e os dois flashes cada um na mão de um. O flash acoplado diretamente à câmera não costuma ser muito interessante, pois dificilmente a melhor iluminação será aquela disparada frontalmente.

Se você usar tripé, pode até mesmo fazer a foto com quantos disparos quiser, pois uma vez com a máquina presa ao tripé e com a cortina aberta em “B” na câmera, você pode estar mesmo sozinho e se deslocar de um lugar a outro com um só flash na mão. Cuidado para não atravessar na frente da câmera durante seu deslocamento, ou se demorar com a luz de carbureto próxima ao visor da câmera, coisa que nem muitos sabem, mas que pode atingir o filme também por trás do corpo da máquina.

Trace seu caminho e mantenha sua luz de carbureto fora da cabeça, acesa mas um pouco afastado da câmera, onde possa iluminar seus deslocamentos mas não interfira, nem mesmo quando você for revisar coisas no visor.

Lenços ou toalhas de rosto são imprescindíveis, pois nosso suor é frequentente no ambiente cavernícola, provocando sucessivos embaçamentos de visor, causado pela saturação de umidade e vapor d’água.

Espeleotemas translúcidos e luz rebatida

A maioria dos espeleotemas brancos fica melhor iluminada com luzes rebatidas, suavizadas. Grupos de espeleotemas no chão podem ser muito bem iluminados com luzes rebatidas em uma parede ou mesmo em um teto baixo. Neste caso, verifique bem a cor dos mesmos, pois a luz oriunda do flash e rebatida em uma superfície com forte tonalidade de cor (amarela, por exemplo) pode chegar ao seu objetivo final ligeiramente ou até mesmo acentuadamente tonalizadas pelas cores da área rebatida. Um pedaço de lonita branca de 1,5 X 1,5 m aberta sobre grupo de formações e seguro por duas pessoas pode servir como um excelente rebatedor para espeleotemas mais grandinhos ou grupo de formações, seja no piso da caverna ou nas paredes. Os isopores, tão úteis nos estúdios, são inviáveis de serem transportados e manuseados. A lonita ocupa pouquíssimo espaço, e vai dobrada na mochila.

Se você está embaixo de um teto muito alto, ou suficientemente alto para não poder ser usado como superfície de rebatimento, ou não há paredes próximas, opte por usar luz frontal ou em ângulo, e ao invés de disparar o(s) flash(es) de perto e economizar disparos, faça o contrário – distancie-se e aumente o número de disparos. Esse é um procedimento que custa certo número de tentativas e erros. Você pode inclusive empregar disparos vindos na direção da câmera, quase de frente para a objetiva, mas tenha o máximo cuidado para não acertar a objetiva da câmera com disparos diretos, o que naturalmente arruinaria aquela exposição. E lembre-se, ao fotografar detalhes muito brancos, muitas vezes é melhor uma subexposição do que uma superexposição.

Por João Paulo Mazzilli Costa
Do site Geosfera.com.br

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Escrito por Mauricio Oliveira

Maurício Oliveira é social media expert, consultor e influenciador de turismo e empreendedor. CEO do portal Trilhas e Aventuras, também conta suas experiências de viagens pessoais no blog Viagens Possíveis. Especialista em Expedições na Rota das Emoções e Lençóis Maranhenses. Ama o que faz no seu trabalho e nas horas vagas também gosta de viajar. Siga no Instagram, curta no Facebook, assista no Youtube.

4 Comentários

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  1. Mauricio, obrigado pelo artigo, muito valioso!

    No caso de um amador com uma Canon T5, lentes básicas e flash da própria máquina, quais dicas você poderia oferecer?

    Abs

    • Oi Diogo, o principal para fotos noturnas com longa exposição são 3 coisas: tripé, controle remoto e paciência para muitos testes! Hehehehe. Eu tenho uma Canon T5i e fiz fotos bem bacanas da Aurora Boreal na Islândia. 🙂

    • Uso sempre uma mochila para levar meus equipamentos.
      Existem alguns modelos específicos, mas na maioria das vezes uso mochilas normais mesmo.
      O tripé grande vai sempre amarrado do lado de fora. Quando levo o menor, vai dentro.
      E a câmera quase sempre está no pescoço. 😉

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