Começou bem… Com mais um transtorno c/ a KLM. Por um erro interno, processaram o número do cartão de credito errado. O ticket não foi enviado e tive que pagar uma sobretaxa no guiche do aeroporto e mais 1/2h no telefone p/ conseguir estas explicações. Ainda terei que enviar um fax p/ poder receber os 15 Euros que paguei a mais!
Schiphol – 3h de espera que o aeroporto faz passar rapidinho, seja dormindo, bisbilhotando lojas, lendo, etc. Achei a minha proxima carteira, c/ porta-moedas incluso, mas acima de 40 Euros… esqueça!
Vôo p/ Marrocos – vôo agradável, comida e serviço dignos de nota 10! Meu companheiro de poltrona era marroquino, falava alemõo e francês, mas não Inglês. Tentando recuperar o que restou de Francês na memoria, anteciparia c/ ele a mistura das três linguas que seriam minha “lingua oficial” no Marrocos. Além disso ele me disse que um táxi do aeroporto até Casablanca custaria em torno de 50 Dirhams. Talvez ele estava querendo dizer 500… mas era tarde demais. Guardei os 50 na cabeça.
Aeroporto em Marrocos – esperando a mala, eu estava de bom humor e rindo de como as malas saiam tortas, grande parte delas caindo na primeira “curva”. Rindo também dos donos daquelas malas que tinham que pegá-las… e eu fui um deles.
“Vc quer um táxi?” A cada metro tinha alguém perguntando isso, pessoas um tanto suspeitas. Peguei a mala as 22:30h e eles sabiam que não tinha mais trem p/ Casablanca neste horário. Casablanca, Casa p/ os intimos, fica a 35 km do aeroporto.
Eles são organizados, as pessoas perguntam se vc precisa do táxi p/ te levar até eles, ai já morre alguns dirhams. Aceitei o convite de um garoto de uns 10 anos, mesmo já vendo o ponto a menos de 50m. A etiqueta marroquina preza que a negociação não é um costume, e sim uma tradição, uma questão de honra. Mas mesmo assim o motorista que me atendeu não quis negociar os 300 Dirhams que ele cobrava.
São espertos, sabem quem vem da Europa e já dão os preços em Euros, onde 1 € = 10 Dh. Assim 30€ não era lá tão caro. Mas como eu não estava na Suiça, nao aceitei! Alugar um carro por um dia sairia quase pelo mesmo preço.
Táxi até Casablanca – p/ minha sorte tinha um senhor, que estava esperando seu filho e ouvia a negociação. Ofereceu-me a “carona” por 100 Dh. Aceitei, mas tive que esperar a parentada. Deveria chegar no albergue antes das 23h, mas não consiguiria chegar antes da meia-noite. Liguei, confirmei a reserva, informei o atraso, pas de probleme! (sem problemas)
Albergue – situava-se numa praça meio deserta. Chegamos lá as 0:30h. O marroquino foi comigo, e esta foi minha sorte. Tivemos que bater na porta e campainha várias vezes até alguém aparecer, e apareceu. Muito puto (só ouvia ele!), disse algumas coisas em árabe: “vc sabe que horas são? O Albergue está lotado! Procure um hotel!” Mas como? Eu havia telefonado, estava c/ a confirmação da reserva na mão!
O marroquino bateu mais algumas vezes na porta, pois o cara tinha sumido. Ele apareceu de novo. Reclamei, disse que já tinha pago, tinha telefonado, mas que, muito macho, não ia aceitar aquele desaforo e que ja procurava um hotel. Dai ele abriu a porta, deixou eu entrar p/ me levar até o quarto e me dar o maior esporro, na mais típica grosseria do estereotipo de um árabe.
Primeiro dia – RABAT
Café da manhã – quando dormi ja era quase 1:30h. Tomei banho de manhã, e o que parecia ser somente naquele albergue viria a se confirmar como padrão do tipico banheiro de um albergue marroquino. Limpeza precaria e sem água quente. Como muito macho que sou, tomei meu banho.
O café foi bom. Café c/ leite, bom pão, margarina e uma gostosa geleia de laranja. O mesmo cara do esporro era o cara que preparava e servia o café, sem antes dizer irônica e raivosamente “obrigado por ontem!” De rien! (de nada)
Casablanca – as recomendações não eram boas, o início foi péssimo, e a despeito da imagem que temos, saí logo de lá. Fui p/ Rabat, a capital.
Rabat, albergue – a primeira coisa a fazer era achar o albergue p/ deixar a mochila. O endereço dizia “ancienne medina”, ou seja, a parte antiga, cheia de labirintos, espertinhos e impossível de se achar o nome de uma rua. Até porque poucas tem um. Lá fui eu. Para minha sorte não ficava dentro da parte antiga, mas ao lado. Este albergue não era muito diferente do de Casa (Blanca), assim concluí que enquanto ficasse em albergues, não poderia esperar mais que aquilo. Começava uma confubalaçao interna p/ convencer a diretoria do Abila Bank a bancar um hotel na próxima noite.
Oudaia Kasbah – fui direto p/ a parte mais interessante da cidade, uma área que serviu o sultão da época como sua fortaleza. O meu guia tinha informações e mapas precisos, sabia onde tinha que entrar e por onde ir. Mas antes da entrada fui abordado ostensivamente por varias pessoas, me diziam que naquele dia e horário, aquela entrada estava fechada. Era sexta, dia da semana especial p/ os muculmanos. Dei crédito p/ o cara.
Nisso ele me indicou outra entrada e veio comigo, se oferecia como guia. Gentil e “assertivamente” disse que não precisava de guia, pois já conseguia me localizar no mapa. Ele insistiu mas me deixou. Foi só andar mais alguns metros p/ outras pessoas aparecerem novamente.
Saberia depois que a entrada principal estava aberta, por lá era muito mais facil se localizar. O primeiro homem fez com que eu entrasse na outra entrada de propósito, pois esta levava a um labirinto, muito mais difícil de se localizar c/ o mapa. Ainda assim, as outras pessoas que apareciam p/ “ajudar” davam informações erradas (comparadas c/ o mapa) p/ confundir ainda mais, ou até tentando levar p/ caminhos e becos estranhos, o que aconteceu comigo.
Assim entrei na vila, na qual mora muita gente, que comparada com outras áreas da cidade antiga, são privilegiadas. As casas e ruas são mais bem conservadas, limpas e bonitas. Seguindo o mapa, e dispensando um guia a cada 5 metros cheguei no mirante c/ vista p/ o mar, paisagem muito bonita. Depois até o pitoresco Cafe Maure, onde tive o meu primeiro contato c/ o chá de hortelã e doces marroquinos, paixão a primeira vista. Especialmente pelo chá, que é servido em um pequeno bule cheio de detalhes, e o copo c/ folhas de hortelã no meio.
Souk es-Sabat – a próxima “atração” era atravessar aquela tipica rua de comércio árabe. Com lojas em todo os lados e lugares possíveis, cheia de bugigangas. As lojas são agrupadas de acordo c/ seus produtos. Enquanto estava no setor de roupas, calcados, tapeçaria, peças de couro, tudo bem. Mas quando entrei no de alimentação… o estomago quase virou.
Demorei alguns segundos p/ descobrir que aquele pedaço de carne não uniforme era na verdade uma cabeça de bode (ou ovellha). Perto da banca, uma bacia no chão c/ um creme denso. Parecia graxa, parecia geléia, mas era uma barraca de doces! Carne crua, fígado e outras partes além de peixe (e outras coisas) frito, tudo vendido no mesmo lugar!
Hassan Tower – depois de quase 1h no meio de muita coisa, foi tempo de dar uma pausa. Fui direto p/ Torre de Hassan. Esperava que fosse apenas uma torre, nada mais que isso. Sim, tinha a torre, muito bonita alias, mas tinha também um bonito jardim. Na hora que estava la pude presenciar uma cerimonia muçulmana. Mesmo ao ar livre, todos estavam descalços e sentados apenas ouvindo as preces, ou ajoelhados próximos do que seria o altar (nao é altar, mas também não sei o nome correto).
KeftaTajine – ja era 1h da tarde, chance p/ experimentar a cozinha marroquina. A opção foi o tal de Tajine, mas esquecí de verificar o que vinha c/ ele. Esquecí de consultar meu guia, e acabei pedindo almôndegas! Ainda vieram num prato especial e acompanhado de bastante kesra, o pão marroquino (maior, mais grosso e mais fôfo que o pao sirio, mas bem parecido). Os marroquinos nao costumam usar talheres p/ comer, usam as mãos (sempre a direita) usando o pão p/ pegar a comida.
Chellah Necropolis – abastecido, caminhei bastante até o sul da cidade, numa parte que foi usada p/ alguns sultões como crematório, uma espécie de lugar sagrado. Mas a principal atração são as ruinas da cidade romana Sala Colônia, não muito diferente do que se vê em Roma, por exemplo.
Papel higiênico – dentro dos padrões de conforto do albergue, tinha que ter o meu próprio papel higiênico. Praticamente não existem supermercados, apenas vendinhas de uma só porta, com uma ou mais pessoas p/ subir na escada e pegar as coisas p/ vc. Até p/ um simples papel higiênico.
Jantar marroquino – ainda eram 16h, mas estava cansado e decidi voltar p/ o albergue. Lá conheci Katdhjja, marroquina, mora lá. Ela falava fluentemente Francês, um pouco de Inglês, e vice-versa p/ mim. Assim, misturando os dois idiomas, a gente se comunicava.
Fomos jantar juntos num restaurante marroquino tipico, indicado por ela. Ótima escolha! Ambiente muito agradável, pratos tipicos (tajine outra vez) e ainda um show de música e dança tipicas.
Detalhe 1: a minha amiga comeu só c/ a mão, e mastigando c/ a boca aberta. Eu até que tentei fazer o mesmo c/ a mão, “apelando” p/ o garfo várias vezes. Já quanto a mastigação, não consegui lembrar que fazia tão bem até os 5 anos de idade.
Detalhe 2: o show de música e dança “tipicas” parecia c/ a Festa dos Reis, mas tudo bem.
Segundo dia – MEKNES AND VOLUBILIS
Meknes – quando cheguei na estaçao já era quase meio-dia (de Rabat até Meknes, viajei de trem, saindo as 9h). Não tinha muito o que ver na cidade, além do “básico”: soak, ruas estreitas, soak, espertinhos querendo servir de guia, soak, “bab´s” e finalmente aquelas ruazinhas lotadas de todo tipo de lojas por todos os lados. Mas tinha as ruinas de Volubis, que por sua vez ficavam a 30 km de Meknes. Soluçao: alugar um carro!
Carro – dirigir faz parte do pacote de aventuras quando visito um país. Isto não seria tão verdade quanto em Marrocos. Andar na cidade já tinha sido uma aventura a parte. Poucos cruzamentos tem semáforo, e quando tem, ninguém obedece, nem motoristas nem pedestres. Portanto era questão de honra, tinha que pegar um carro lá.
Um taxi até Volubilis sairia pelo mesmo preço do aluguel do carro, e não me permitindo nenhum desvio. Assim estava decidido a pegar um carro.
O primeiro grande desafio foi encontrar uma agência. O segundo foi se comunicar c/ o cara. O terceiro foi convence-lo que 350 Dh por um Uno em mal estado era muito caro. O quarto e último desafio foi conseguir que alguém me mostrasse no mapa qual a direçao que eu deveria tomar. Ninguém sabia! A solução foi o carinha vir comigo por uns 400m, mas ele não sabia mostrar isso no mapa! Mas não era só ele! Ninguém sabia onde ficava as ruas ou qual era o nome da rua que estava até porque poucas ruas tinham alguma indicação ou placa qualquer.
Detalhe 1: aceitaram minha proposta de 300 Dh, mas ainda foi muito, pois o Uno estava muito mal conservado.
Detalhe 2: praxe do mercado de locação de carros, vc loca c/ o tanque cheio, e devolve cheio. Exceto em Meknes. Peguei na reserva, devolvi no sopro da reserva!
Volubilis – simplesmente a cidade mais Romana que ja visitei! As ruinas estão num estado de conservação muito melhor que Roma. E possível ver nitidamente os mosáicos com pinturas e figuras em muitas casas.
Perto de Volubilis, seguindo uma estrada secundaria, e possível ter uma visão panorâmica de Moulay Idriss, essa sim uma tipica e linda cidade do interior de Marrocos.
Terceiro dia – FES
Hotel – pela primeira vez, fiquei num hotel, ainda assim da rede “budget” Ibis. Nada planejado, mas consegui reservar. Não sabia mas o hotel ficava a poucos metros da estação. Melhor, impossível.
Detalhe 1: Pela primeira vez em Marrocos tomei banho c/ agua quente!
Detalhe 2: a rede Ibis na Europa e conhecida por hoteis simples, confortáveis e baratos. O básico. Mas o de Fes não seguia exatamente estes padrões. Era melhor. Destaque p/ a bela piscina e a decoração, no melhor estilo árabe.
Medina de Fes – acordei cedo p/ ter bastante tempo p/ aproveitar o que, segundo o guia, parecia ser bastante coisa. Fiz o caminho inverso que a maioria dos grupos turisticos fazem, o que provou ser uma boa idéia, já que evitei todos aqueles chatos se oferecendo como guia, as vezes te obrigando a aceitar.
Não podia esperar muito da medina de Fes além do “básico”, mas até que me surpreendeu por suas caracteristicas próprias. Comparada com as outras cidades que havia visitado, esta era a maior medina. Vista de longe, sem nenhum exagero, é muito semelhante ou até igual a qualquer favela do Rio ou São Paulo. Mas só entrando (e tendo muita coragem p/ tanto) pelas suas estreitas ruas e labirintos p/ descobrir o que ela realmente é, e esconde.
A primeira parada de destaque é a quadra dos fabricantes de produtos de couro. Nõo tanto pelas mais variadas bolsas, mas muito mais pelo processo de tratamento e pintura do couro a céu aberto, orgulhosamente o mesmo no ultimos séculos.
A segunda foi a mesquita Karaouiyne, a mais antiga e respeitada do mundo muçulmano “ocidental” (em relacao ao Oriente Médio, correspondendo ao norte da Africa). Não podia entrar, mas pude espiar e era muito bonita.
Destaque p/ a praca el-Seffarine, a séculos o lugar de artesões dos mais variados tipos de metais.
Kafka – depois visitei mais alguns lugares até pegar a rua “principal”, o nome em árabe pode ser traduzido como a “grande” subida, e realmente era.
Passei no setor “de virar o estomago”, o da carne. Esse com algo novo: um cérebro (não sei do que,ou de quem, mas era muito grande p/ um macaco)!
Logo depois do cérebro, uma salinha com um senhor fazendo um sanduiche de kafka. Não perdi a oportunidade, experimentei! Estava muito bom!
Palacio Real – logo na saida da medina, entra-se no bairro onde localiza-se o palácio Real, ainda em uso. Pelo guia, prometia. Mas os melhores lugares são fechados ao público, restando somente a rua principal do bairro, mais uma vez, com o “basico”.
No final desta rua localiza-se o bairro judeu, atualmente nào mais habitado por eles. Destaque p/ a arquitetura das casas, bem diferente do resto da cidade.
Fim da visita a Fes, levando muito menos tempo que previsto. Eram 15h, o trem a Marakesh partia as 20h.
Quarto dia – MARRAKECH
Trem noturno – sempre ouvia falar mas nunca havia feito, agora era a oportunidade, o “night train”. Vc viaja e dorme ao mesmo tempo economizando o hotel. Ok, exatamente a mesma coisa que pegar um onibus a noite.
Como optei pela primeira classe, o vagão era levemente mais confortavel, mas com mais espaço e menor probabilidade de lotar o vagào. Valeu a pena pois viajei praticamente deitado, acordando em Marrakech as 5h.
Novamente o problema “onde deixar a mochila?” O Ibis me salvou outra vez (este também era ao lado da estação de trem), tomei um café da manhã delicioso por um ótimo preço, e de quebra deixei a mochila num lugar seguro.
Pretendentes a guia – devido aos frequentes chatos querendo-ser-guias, o dia anterior em Fés não tinha sido muito bom. Como Marrakech e um centro turístico bem maior que Fés, não esperava por uma condição diferente. Agravado pela recomendação de alguns guias turisticos: “pague um, para se imunizar dos outros”. Na estação de Marrakech conheci dois suécos que também vinham de Fés. Eles tiveram uma experiência ainda pior que a minha com os pretendentes a guia.
Para Marrakech adotei a estratégia vencedora em Fés, fazer o caminho inverso que a maioria dos grupos turisticos fazem.
Las Palmeraie – desta vez tive que pegar o petit taxi (taxis que operam somente dentro da cidade), pois a medina era longe da estação de trem. Indo p/ o norte ficaria bem próximo do famoso jardim “Las Palmeraie”, e aquela paisagem tipica de um oasis, com as montanhas Atlas cobertas de neve ao fundo.
Era esta a foto que tinha no meu guia, era isso que mostrei ao motorista de taxi: “me leve p/ lá”. Mas mais uma vez uma infeliz prova de que não se podia confiar nos serviços turisticos dos marroquinos. O imbecil me levou até o lugar mais distante do jardim em relação a cidade, onde obrigatoriamente teria que pegar o taxi novamente. Caí inocentemente na “esperteza” marroquina. O contra-ataque foi fazer um tour pelo jardim, voltando pra cidade p/ um preço bem menor do que ele queria.
Souks de Marrakesh – como esperava algo parecido c/ Fés, antes de entrar na medina respirei fundo, me concentrei e fui. Iria até filmar minha “expedição”, se não fosse pela bateria, que acabou naquele momento.
Mas foi bem melhor do que eu esperava, as ruas eram mais largas e as lojas mais organizadas. Era ainda cedo, 8:30h, a maioria das lojas ainda fechadas, o que facilitou a caminhada.
Tive tempo p/ entrar em algumas, negociar alguma coisa, mas minha cara de europeu não ajudava. A primeira oferta p/ uma camiseta que não pagaria mais que 30Dh, o senhor comecou a negociacao por 100! Ele sabe que este seria o preço normal (e caro!) na Europa.
Tive tempo também p/ testar a nova tática p/ se livrar dos chatos-pretendentes-a-guia. Falava em Português, mal-educadamente, e não respondia nem olhava a qualquer tentiva em outra lingua. Funcionou! Havia encontrado uma forma de se “imunizar”.
Place Jame el-Nahr – tido como a principal atração turistica da cidade, estava c/ poucos gatos pingados na hora em que eu estava lá. O suficiente p/ aquela tradicional foto do show de cobras.
Palais de Bahia – apenas uma casa de uma familia muito importante, bastante próxima do Sultão, ricamente decorada no melhor estilo árabe. Um dos melhores lugares que visitei.
Desvio – olhando no mapa parecia um caminho lógico até algumas atrações na parte sul da medina, mais foi uma longa e inútil caminhada. De repente ví que estava se distanciando da cidade.
Jardin de Majoralle – na “longa caminhada” não tinha mais certeza se o trem que deveria pegar até Casa (Blanca) era ás CINCO ou ás 15h. Sempre confundo estas posições do ponteiro do relógio, ambas tem “CINCO”. Seguindo rigidamente as leis de Murphy, não achava a tabelinha do horário que tinha pego na estação de trem, o qual resolveria a questão. Resultado: tive que voltar até a estação, uma pequena caminhada de no minimo 30 min (poderia ter pego um taxi mas…). E o trem era realmente as 17h.
Assim, inesperadamente ganhei 2h e procurei a atração mais próxima a estação. Tinha este tal de Jardim Majoralle, sem nada para fazer, por que não.
Bom, foi um dos melhores lugares que visitei. Não era a quantidade de flores, mas sim a combinação destas com o lugar. Muito bonito! Tirei varias fotos.
Retorno – o vôo estava marcado no bilhete: as 1:30h. Tinha esperanças que este na verdade fosse o horário da Holanda, assim na realidade partiria as 22:30h… mas infelizmente era o da madrugada mesmo. Quem pôde dormiu nas cadeiras ou no chão mesmo. Eu me acomodei numas cadeiras.
A poucos minutos de iniciar o embarque a moça da KLM chamou no microfone um tal de « ABDILA », talvez fosse eu (Abila), mas não era. Tinha este tal de D no meio. Chamou outras vezes, ninguém apareceu. No embarque ela pegou meu passaporte e « então é vc! Mas eu te chamei » E eu vim até vc e vc falou que não era! Enfim, consoantes a mais ou a menos, tinha sido premiado com o upgrade do meu ticket para a business class. Nada mau para um vôo de 3h durante madrugada.
No avião, desabei. A poltrona confortável e aquele tapa-luz tem suas desvantagens. Acordei com o chamado que estavamos nos aproximando do aeroporto de Amsterdam. A comissaria de bordo viu que eu tinha acordado e me trouxe o café.
Gentilmente (realmente) me disse que teria uns 15min para tomar o café. Que pena! Porque o café era realmente muito bom. Mas aproveitei bem os meus minutos, e também o meu cafezinho.
Ainda tinha o vôo até Frankfurt, e mais algumas horas de espera. Neste momento já começava a sentir o efeitos de estar desde a manhã de domingo sem tomar banho. Portanto já eram mais de 48h sem um banho! Apenas perfume e desodorante (o que atenuou bastante o problema, diga-se de passagem). O último vôo foi aquele típico de lei de Murphy, problemas técnicos, atraso de 30min, passageiro que não aparece, mas a mala já estava no avião, mais minutos de atraso. Mas chegamos, e minha mala também. Estava ótimo. Quando cheguei finalmente ao meu apto em Limburg, tomei aquele merecido banho e empacotei.
Fim da viagem
Marrocos
Apesar de ser um brasileiro, e estar até (mal) acostumado com as diferenças sociais no Brasil, fiquei impressionado com o nível de pobreza de Marrocos. Isso se torna mais evidente justamente nos centros da cidade, as chamadas medinas. O que na verdade tem um potencial turistico enorme, e poderia ser muito bem explorado, è na verdade um bolsão de pobreza, e de todos os problemas relacionados a isso.
Apesar dos marroquinos serem um povo simpático, aprendi a não confiar em ninguém quando estava em algum lugar turistico e precisava de algum serviço, de taxi por exemplo. Nas lojas também, simplesmente por parecer europeu, os preços eram inflacionados automaticamente em EUROS! Qual motivaçao terei para voltar?
Nào esquecerei do chá de hortelã e dos docinhos marroquinos, impressionantemente deliciosos.
Esquecerei rapidinho dos pratos quentes, o quais são um pouco estranhos para o nosso paladar.
Talvez um dos pontos fortes desta viagem tenha sido um contato mais pessoal com o Islamismo. Diferenças a parte, a religião é tão antiga quanto o Cristianismo, além de ter várias semelhanças, como as medersas e seminários.
Do ponto de vista histórico, fica evidente que era um império muito rico antes do século 15, porém, que entrou em decadência com a ascensão das nações européias. E ainda esta na mesma tendência decadente.
Viagem
A maioria das pessoas com quem falei me caracterizaram como louco (ou idiota) pelo fato de não ter planejado muita coisa. Logo eu, conhecido por ser tão metódico. Ora pois, tinha o guia comigo e varias informações, desde culturais até práticas, de restaurantes, hotéis, etc. Como dizer que estava perdido no escuro? Não estava.
O fato de praticamente não ter feito nenhuma reserva, me deu uma enorme flexibilidade para alterar o meu roteiro ao meu bel-prazer, como fiz em Meknes, quando aluguei um carro e depois passei a noite no hotel em Fés, e não em Mekens como seria lógico de supor, se tivesse planejado com antecedência. A visita a Marrakech só foi possível devido a esta aparente “falta de planejamento”. Gostei da experiência e sei que nao posso fazer isso sempre. Mas é sempre bom desfrutar esta liberdade de ir a qualquer lugar quando você bem entender.
Adriano José Ábila é um jovem executivo de uma multinacional, e esteve no Marrocos em meados de abril de 2003.
Autor: Irapuã de Oliveira Pires.
E-mail: irapuanpires@yahoo.com.br
Cidade: Marrocos
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