Quando as pessoas ficam sabendo que sou praticante do mergulho, mergulhadores ou não, algumas perguntas passam a ser frequentes.
Questões do tipo: Há quanto tempo você mergulha?
Qual a profundidade maior que você já desceu?
Qual o lugar mais bonito que você já mergulhou?
Qual foi o seu melhor mergulho?
Enfim, se você também mergulha já deve ter se deparado com essa situação. Como se a resposta ideal para lhe certificar como um bom mergulhador fosse: “Sou mergulhador há 15 anos, já desci 90 metros nas águas quentes do Caribe e meu melhor mergulho foi com os golfinhos adestrados de Cancun.”
Na verdade, isso não quer dizer absolutamente nada. Ou melhor, quer dizer sim! Que você é um bacana com grana e louco.
O tempo não é um parâmetro pra definir um bom mergulhador. Você pode ter um ano apenas de certificação, mas ter feito 100 mergulhos nesse período. Enquanto, outros podem ter 10 anos de certificação e apenas 10 mergulhos de experiência.
Como qualquer outra atividade, no mergulho, só se adquiri experiência praticando.
A questão da profundidade é outra lenda do mergulho. É claro, existem pessoas que curtem profundidade, seja pela sensação do desbravamento, do perigo ou pela busca por vidas ainda desconhecidas. É uma questão de gosto e opção. Eu prefiro os mergulhos até 30/35 metros, onde está a concentração maior de vida marinha e onde o colorido do fundo do mar pode ser apreciado. A partir de certa profundidade a luminosidade não chega e tudo no fundo do mar torna-se cinza. Isso explica porque as roupas de mergulho são todas pretas, azuis e cinzas. A não ser a minha, que aliás, ainda não encontrei outra igual, não sei o porque. Ahh, um aviso, o Pink não assusta os peixes, rs.
O lugar mais bonito é bem relativo, mas é uma boa questão. Bem curiosa por sinal. É comum ouvirmos nomes repetidamente, o que não é ruim, pelo contrário fico achando que estão reafirmando a importância do lugar, mas passam a ser points que eu chamo de comerciais. Certo dia me surpreendeu! Conversando com um senhor numa saída pra mergulharmos na Ilha dos Meros/RJ ele me disse que o lugar mais lindo que havia mergulhado foi no Pantanal. Olha que coisa mais inusitada! Imagina se eu não fiquei louca pra conhecer isso.
Agora, o melhor mergulho… ahh, esse não pode haver discordância!
A resposta tem que ser unânime!
Quando?
Ué, óbvio que foi o último.
O lugar?
Não importa.
Se você, assim como eu também ama o mergulho, o melhor é sempre o último.
E por falar em último mergulho, o meu mais recente foi um assombro! (assombro = fantástico)
Na Laje de Santos, um dos melhores points de mergulho do estado de SP. Distante à aproximadamente 45 km do litoral tendo como base para saída a marina de São Vicente, um percurso de mais ou menos 01h35min min. de lancha.
Orgulhosamente a Laje se tornou um verdadeiro santuário marinho. É preciso parabenizar a Secretaria do meio Ambiente do Estado de São Paulo e ao Instituto Florestal pelo trabalho que tem sido feito desde a criação em 1993 do Parque Estadual Marinho Laje de Santos ou PEMLS (www.lajeviva.org.br).
É realmente notável o aumento de cardumes e principalmente a volta dos peixes grandes. Fiquei muito feliz ao perceber isso, principalmente em tempos em que o contrário é o que mais acontece, ver a vida marinha diminuindo em lugares que foram verdadeiros berçários.
A primeira vez que fui à Laje pra mergulhar tomei um susto. Primeiro pelas lendas que são contadas, aliás, elas só me deixam mais curiosa. Agora, pense em você navegando pelo oceano atlântico e simplesmente do nada se deparar com uma formação rochosa, sem nenhuma vegetação, com mais de 30 metros de altura e 500 metros de comprimento, ou seja, uma verdadeira parede no meio do mar. Aliás, “Laje” é a definição que se dá a rochedos marinhos sem vegetação.
Lá está instalado um farol de sinalização marinha, além de abrigar milhares de aves, em grande maioria Atobás. O mar é de águas azuis e cristalinas, com 20 metros de visibilidade média, mas podendo atingir até 30 metros, e isso eu posso garantir. Durante o mergulho podemos encontrar cardumes de sardinhas, atuns e xaréus que dão um toque colorido. E tendo um pouco de sorte, poderá encontrar as imensas arraias-manta, garoupas, tartarugas, golfinhos e até baleias!
Eu tive a sorte de encontrar uma grande tartaruga-verde se alimentando. Pra mim é um grande presente, já que as tartarugas são os seres marinhos que mais me fascinam, depois dos tubarões é claro! Fiquei parada só observando durante alguns minutos, e ela nem se importou com a minha presença, só quando um grupo maior de mergulhadores se aproximou que ela resolveu circular e lentamente foi se dirigindo pra outra direção. Nadei com ela durante um algum tempo, até que meu ar foi pra reserva e eu tive que subir. Adorei!
Tanta beleza a ser apreciada merece seus cuidados. Fortes correntezas cortam a região, o que não impossibilita o mergulho, mas requer uma atenção especial com os equipamentos de segurança. A maioria das correstes são superficiais, até 5 metros, mas mergulhadores distraídos podem subir longe do barco e vão ter dificuldade para retornar ao mesmo. É recomendado o uso de sacos sinalizadores infláveis.
Vejam o vídeo que fizemos:
Autor: Mônica Magalhães
E-mail: monica_maravilhosa@hotmail.com
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