Tenho que confessar que nunca havia ouvido falar sobre os Açores. Até 14 de outubro de 2016. Naquela noite, o Globo Repórter exibiu uma excelente reportagem sobre esse arquipélago que fica a 1500 km a oeste de Lisboa. Além de toda a beleza da região, o programa mostrou a repórter Kíria Meurer subindo um vulcão ativo. – Opa, amigo, agora você acertou em cheio meu ponto fraco, você disse subir um vulcão ativo?
Como nunca havia ouvido falar sobre esse paraíso? Sinceramente, não sei, tamanha é a diversidade de riquezas naturais. Vinhedos, águas termais, observação de baleias e golfinhos, vulcões, mirantes, flora exuberante, frutos do mar frescos, tudo isso a preços convidativos para o padrão europeu. Mas isso é conversa para outra prosa, porque hoje, minha missão é mostrar para vocês como foi a aventura de subir o ponto mais alto de Portugal.
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A Montanha do Pico é um vulcão ativo, mas que atualmente está dormente, ou seja, não há risco iminente de erupção, o que ocorreu pela última vez em 1718. Possui 2351 metros de altura e fica na Ilha do Pico, uma das 9 ilhas do Arquipélago dos Açores, e para a qual há vôos regulares de Lisboa (a tarifa base de um trecho custa 70 euros). É uma ilha pequena, de 450 km2, e uma volta de carro completa dura apenas 2 horas.
Minha aventura começou no dia 27 de junho de 2017, 2 dias antes da subida. Fui fazer um reconhecimento do caminho, e conversar com os funcionários da Casa da Montanha, para tirar dúvidas e estabelecer a melhor estratégia de subida. A Casa da Montanha fica a 1230 metros e é o ponto de partida para a trilha. Todos os visitantes precisam se registrar e pagar a taxa de 12 euros. É fornecido um aparelho GPS para que eles saibam sua localização e para comunicação em caso de emergência. Mais informações neste link.
Há basicamente 3 opções para a subida, e minha preferência era pelo pernoite, no qual você sobe a tarde, dorme na cratera e volta pela manhã, aproveitando assim tanto o nascer como o pôr do sol no cume. Desisti pelo custo, que é de 120 euros por pessoa incluindo guia e equipamento, mas que exige número mínimo de 2 participantes. Eu teria que desembolsar 240 euros, o que estava fora de cogitação.
Outra opção seria subir e descer durante o dia, que é como a maior parte dos turistas faz, mas dessa forma eu não poderia aproveitar nem o nascer nem o pôr do sol, que são os momentos em que há todo um espetáculo de luz e cores que faz o visual ficar ainda mais espetacular.
Sobrou, então, a subida durante a madrugada, que tinha a vantagem de curtir o nascer do sol no cume da montanha, e além disso evitava o forte calor durante o dia. Essa opção também adicionava um componente extra: o desafio e a satisfação de subir uma montanha sem guia e sem luz natural, somente com a lanterna.
Trilha até o topo da Montanha do Pico
Cheguei na Casa da Montanha por volta de 01:30 da madrugada do dia 29, e meia hora depois, após me registrar e assistir ao vídeo de segurança, eu já estava pronto. O desnível total é de 1100 metros, com 47 estacas indicando o caminho. As estacas foram fincadas de modo que você sempre consiga avistar a próxima, mas, obviamente, a noite essa aproximação visual não era possível, o que tornava a chegada a cada nova estaca uma pequena conquista.
Foram quase 3,5 horas de subida na Montanha do Pico, praticamente sozinho até a cratera (só cruzei com 1 português já perto do fim), sentindo o frio, a escuridão, o silêncio e a imensidão da montanha. Quando cheguei à cratera, faltava o desafio final, a subida do “Piquinho”, que é um novo cone que brotou no alto da montanha, na cratera principal. Essa é a parte mais difícil, e a subida é feita completamente agachado. 20 minutos depois, eu estava no topo, com uns outros 10 trilheiros. Poucos instantes depois, o momento mais aguardado: o sol começou a nascer.
Lá de cima é possível ver outras ilhas dos Açores, além de diversas crateras que se espalham pela montanha. Um cenário belíssimo e encantador. Mas a surpresa ficou pelo fenômeno da sombra que o Piquinho fez, uma sombra que se projetou sobre o ar, um efeito surreal.
Fiquei por volta de 1 hora lá em cima da Montanha do Pico, curtindo cada detalhe daquele visual fantástico. E já era hora de iniciar a descida. É a parte mais desgastante, pois a montanha tem muitas pedras soltas, e cada passo tem que ser bem pensado para não acontecer um acidente. Demorei 5 horas para descer, bem mais que a subida, e já estava esgotado fisicamente, ainda mais porque o sol castigava bastante.
Chegando na Casa de Montanha, devolvi o GPS e recebi o certificado de subida à montanha. Sério, já longe de ser uma criança, nem imaginava que um pedacinho de papel daquele pudesse significar tanto. Mas eu estava emocionado, e vou guardar aquele certificado como um verdadeiro troféu, símbolo dessa conquista na Montanha do Pico, um sonho realizado.
E você, tem vontade de conhecer as maravilhas dos Açores? Já subiu alguma montanha? Já pensou em subir um vulcão ativo? Deixe seus comentários, e até a próxima!
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Olá!
Eu sou da ilha do Pico e quero felicitar pela excelente reportagem sobre a subida à montanha!
Haja saúde!
Olá de novo,
Partilhei a sua aventura em:
http://www.caisdopico.pt/2017/10/subindo-montanha-do-pico-o-ponto-mais.html
Haja saúde!
Oi Ivo! Mto bacana o destaque que nos deu para a matéria.
O Khalil é um apaixonado por vulcões e aventura.
Grande abraço!
Como voce fez para chegar até a Casa da montanha? Sabe dizer se existe transporte publico e tranfer e quanto custa? Obrigado