Procuro dividir as minhas aventuras por suas características, que ao longo do nosso convívio vocês vão entender melhor. É mais ou menos assim. Existem as aventuras de risco, as que exigem preparo físico, as que a coragem fala mais alto, e as que me atraem pela curiosidade. E foi esta última que me motivou a conhecer um lugar totalmente atípico. Uma ilha onde seus únicos habitantes são Cobras, e mais que isso, são as cobras mais venenosas do mundo.
Você pode imaginar que estou falando de alguma ilha em um continente muito distante de nós, mas não. Esta ilha esta localizada no litoral paulista e é conhecida como Ilha Queimada Grande.
A ilha está localizada a 35 km da costa continental de Itanhaém. A placa que existia na Ilha Queimada Grande alerta para as cobras venenosas, mas para os pescadores da região o aviso é desnecessário. Todos sabem que a ilha não é um lugar receptivo e jamais desembarcam lá. São esses homens do mar os responsáveis pelo nome da ilha. Cientes do risco que corriam ao desembarcar em terra firme, eles ateavam fogo na mata costeira para afugentar as serpentes. A técnica deu origem à denominação Queimada Grande, mas foi incapaz de ameaçar o reinado da Jararaca Ilhoa, uma serpente da família das Jararacas continentais, só que dona de um veneno de 12 a 20 vezes mais forte.
O desenvolvimento dessa espécie se deu por causa do isolamento geográfico a que foi submetida desde a época da glaciação da Terra, há uns 10 000 anos. Quando as águas do degelo cobriram grandes extensões de terra, formando a ilha. A maioria dos animais migrou para o continente. Os demais, impossibilitados de nadar, ficaram confinados.
Presa numa ilha rochosa onde o alimento se resume a aves, a Jararaca Ilhoa passou a subir em árvores. Seu veneno tornou-se mais potente para garantir a morte imediata da presa que, se demorasse a morrer, poderia acabar no mar. A cor da pele da cobra tornou-se menos vistosa: ocre uniforme, que varia até um marrom claro, chamando pouca atenção.
O desembarque na Ilha Queimada Grande é proibido. Não há praias nem enseadas que possam facilitar o desembarque, que é feito nas plataformas rochosas, de grande quantidade de limo, o que torna ainda mais difícil. Jamais uma reserva de Mata Atlântica teve protetores tão temidos quanto a Ilha Queimada Grande. Lá não existe posto da Polícia Florestal, nem um plantão permanente de bravos ecologistas. Mas poucos se atreveriam a disputar o território com as 15 000 cobras – no mínimo – que povoam a ilha.
Para conhecer a Ilha, tive que conseguir autorização da Marinha e ser acompanhado por pesquisadores do Butantã. Não que isso iria mudar alguma coisa casa fosse picado, pois não existe soro para esta espécie e seu veneno mata uma pessoa em no máximo 6 horas.
Chegando à ilha, já fui logo sendo impressionado pelo enorme número de aves Atobás que povoam o local. Coitadinhas, são as vitimas prediletas das serpentes.
Antes de começar a caminhada, colocamos botas e escutei as últimas recomendações, sendo que a principal era – ande com atenção, devagar e não se preocupe apenas em olhar para o chão. Estas serpentes costumam ficar em árvores. Logo, se sentir algo no pescoço, pode ser uma cobra.
Não demorou muito para nos depararmos com a primeira Jararaca Ilhoa. Não vou negar que a emoção foi grande. Ela estava embaixo de uma arvore e enrolada. De tamanho pequeno o que mais me chamou a atenção foi sua docilidade. Calma, vou explicar. Na ilha existem poucos predadores de cobras, logo, isso faz com que elas fiquem menos ariscas.
No decorrer da caminhada muitas outras iriam cruzar o nosso caminho, fora as que só ficavam nos observando e que não conseguíamos ver.
Tudo correu muito bem e sem imprevistos. O único momento de total tensão foi quando peguei uma serpente e me distrai conversando com o pesquisador. Vocês vão ver no vídeo que para pega-la utilizamos um tubo plástico e seguramos na ponta, pegando com a mão parte do tubo e parte da cobra, para evitar que ela escape.
Pois é, com a minha distração peguei somente o tubo de plástico. Com isso, a cobra, muito espertinha, foi dando “ré”, conseguiu fazer uma curva, e começou a sair do tubo. Não deu tempo de muita coisa, só de jogar o tubo, com a cobra no chão. Quando eu olhei para os pesquisadores, eles estavam, além de tremendo, vermelhos e quase que em estado de choque.
Tive que acalma-los!!!!
Bom, curtam o vídeo e conheçam esta serpente única. E até a próxima quinta-feira com mais – O Caçador de Aventuras.
Autor: Lu Marini
E-mail: marini@flycomunicacao.com.br
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Ver Comentários (2)
Olá Marine, tenho um blog, pesquiso muito e também escrevo alguns artigos sobre cobras peçonhentas. Fazendo tour pela internet, encontrei sua postagem sobre a ilha de queimada grande, e a jararaca ilhoa.
Achei muito interessante o seu artigo, porém é sabido por todos nós aqui no Brasil, que o veneno mais temido é das micrurus, cobras corais verdadeiras. Sendo o veneno da jararaca ilhoa tão potente. Entre 12 a 20 vezes mais tóxico, e capaz de matar uma pessoa em no máximo 6 horas.
No meu modo de ver: isso a torna mais peçonhenta de todas as cobras do Brasil, e quem sabe do mundo. Mas ainda não a encontrei em nenhuma lista que indique a sua posição no hanking das peçonhentas.
Outro agravante a favor das jararacas ilhoas, é que para todos outros venenos, existem os soros antiofídicos, e para ela ainda deve estar em estudo. na minha opinião isso faz das jararacas ilhoas, as serpentes peçonhentas mais temidas no mundo.
Muito legal o seu artigo. Um abraço e muito sucesso!
Elas são perigosíssimas mesmo!
Vlw pelo seu comentario! ;)