Se fixarmos uma câmera fotográfica à um tripé, escolhermos um determinado assunto e ao cabo de cada meia hora que se passa tirarmos uma foto, começando as 5:00h da manhã e parando as 18:00h da tarde, sempre do mesmo assunto e rigorosamente no mesmo enquadramento, teremos batido, ao final do período, 26 fotos “iguais”.
Iguais apenas no enquadramento, pois se observamos melhor, constataremos que as cores das fotos aparecem em tonalidades diferentes. Isso se dá por que a luz do dia possui várias “temperaturas”, termo técnico designado para distinguir as luzes mais quentes das mais frias, que variam com os horários.
Se fizermos o teste acima, veremos que as primeiras fotos, tiradas no comecinho da manhã, tendem para o azul, pois a luz do sol ainda não atingiu o assunto diretamente, e portanto a luz é fria e difusa. Pouco depois, quando o sol se ergue e lança luzes diretas porém ainda suaves, as coisas adquirem aquela tonalidade amarelada que “esquenta” a foto, dando a ela aquela sensação de calor e uma atmosfera agradável.
Pouco depois, com o sol ganhando altura, a luz mais direta, branca e forte começa a ganhar tonalidades mais azuladas, em detrimento da tonalidade quente que havia pouco tempo atrás. Nas horas mais próximas ao meio do dia, mais ou menos entre 9:30h e 15:00h, fotografias tiradas ao ar livre e em condições de céu claro, com ou sem nuvens, tenderão a ter uma tonalidade desinteressante, cores aparecem lavadas e sem saturação, contrastes são “achatados” pela iluminação direta, que batendo em cheio produz sombras duras e nítidas, e pessoas e paisagens aparecerão demasiado azuladas, mesmo que de maneira sutil, e em nosso teste veríamos não muitas variações de tonalidades nas fotos produzidas nesse período.
Mais para o final da tarde…
Mais para o fim da tarde, o sol, já sem aquela força das horas mais quentes e claras, passa a lançar luzes mais “maduras”, mais suaves e quentes, e retorna a tonalidade aquecida do amarelo. Desta vez, ao invés de tender posteriormente para o azul pelo adiantado da hora, a tonalidade amarelada do final da tarde tenderá para o laranja, com o escurecimento gradual, aquecendo ainda mais o clima da foto, até que pouco depois tudo perca seu encanto e se desvaneça nas últimas luzes difusas do dia.
Fatores como latitude e clima interferem profundamente na saturação e contraste das fotos. Latitudes altas e climas temperados tendem a propiciar mais condições de saturação de cores. Climas frios costumam resultar em explosões de cores quentes na hora do nascer e por do sol, propiciando espetáculos magníficos e de beleza inesgotável.
Porém, não devemos interpretar as coisas ao pé da letra, senão concluiríamos que tirar fotos de por do sol na Europa sempre resultará em maior saturação e contraste do que as similares brasileiras, e na verdade não é isso – é apenas uma referência, pois coisas como nebulosidade, umidade, temperatura naquele dia e poeira, para citar algumas, são também fatores determinantes.
O inverno é a época do ano mais propícia à fotografia de crepúsculos, por conta da saturação advinda das baixas temperaturas e clima mais firme. Porém, no inverno, a poeira concorre muitas vezes para tornar desinteressante uma paisagem que poderia sair muito mais limpa em uma determinada foto. Fotos de crepúsculos costumam ser batidas com muita frequência, e costumam ser excessivamente semelhantes entre sí e muitas vezes excessivamente iluminadas.
Filtros polarizadores podem e devem ser usados em experiências com variações entre elas, até que se encontre o ponto ideal de polarização que cada um considera adequado. Um filtro polarizador é um acessório que realça as cores, e reduz ou elimina reflexos de superfícies, menos das metálicas. Com ele você pode tanto realçar as cores e o contraste como pode remover reflexos de vidros e superfícies de água, ou ainda pode utilizá-lo de modo a evidenciar os reflexos e ainda assim saturar as cores. Não se deve saturar sempre com o polarizador no máximo, de modo a tornar irreal a paisagem.
O finzinho da frente fria…
No entanto, se você é daqueles que procura belos crepúsculos, diferentes daquela tradicional foto do por do sol, preste atenção especial aos dias de frente fria. Como nosso clima é predominantemente subtropical, normalmente não temos crepúsculos muito saturados, apenas de vez em quando e com mais frequência no inverno, como falamos. Mas quando se avizinha uma frente fria, o que costuma acontecer?
Praticamente sempre uma frente fria forte vem acompanhada de umidade, e muitas vezes também de chuvas. A temperatura cai, e no entanto, o tempo nublado e chuvoso esconde o céu. E é exatamente no dia em que o tempo se abre, que o céu amanhece profundamente azul, geralmente ventando, e as nuvens são ausentes ou ainda em pequena quantidade que provavelmente acontecerá aquele por do sol de cinema. Provavelmente porque uma nuvem pode estragar tudo na última hora, para citar um exemplo…
Procure exercitar uma outra coisa, mais sutil, que é o efeito destas cores quentes nos elementos presentes na cena:- as folhagens adquirem outro tom, os reflexos nas superfícies de água podem ser explorados de inúmeras formas, pessoas costumam sair muito bem nestas horas, quando a cor aquecida dá a pessoa uma aparência mais saudável. É exatamente nesse 1º dia de tempo aberto do fim da frente fria que você deverá se munir de filme adequado, de preferência cromo (slide), tripé e câmera, procurar um bom ponto de vista e estar lá um pouco antes da hora agá com tudo mais ou menos no jeito.
Nesse dia, o ar estará limpo, por conta das chuvas que abaixaram a poeira, e o frio acentuará as cores, gerando aquela paisagem de “cartão postal”. Se você perder esse dia, no dia seguinte, como terá esquentado, o visual poderá ser desinteressante o bastante para fazê-lo desistir das fotos ou se frustrar, como aconteceu comigo recentemente.
Numa dessas frentes frias de frio intenso que tivemos este ano, amanheceu um último dia de frio com tempo claro e céu limpíssimo. A tarde, quando saí da cidade em direção à São Paulo, beirando a represa pude contemplar um dos mais belos crepúsculos que já observei, e infelizmente não fotografei.
Quando virei a curva e me deparei com aquela paisagem, instantaneamente, mal de fotógrafo, “amaldiçoei” não estar devidamente armado naquele momento. O sol já havia se posto, e o crepúsculo lançava luzes na água da represa, que sem vento naquele momento, espelhava vermelhos, dourados e amarelos em profusão de tonalidades em uma superfície que se estendia até o fundo da foto. No céu, vermelhos, magentas e laranjas formavam explosões de cores em múltiplas tonalidades. Um verdadeiro espetáculo de luzes e cores, que infelizmente não foi possível capturar com a câmera, pois não estava comigo.
Tentei, assim como muitas outras paisagens que já presenciei, registrar aquilo na mente, da melhor maneira possível. Há muito tempo que procuro estar atento e equipado nesses dias específicos, e este ano eu dei bobeira e fui surpreendido pelo espetáculo mais bonito que já tinha visto naquele lugar.
No dia seguinte, comprei filme cromo, me programei e me equipei, na esperança de presenciar um “repeteco” do dia anterior, mas de tripé posicionado e tudo fui brindado apenas com um crepúsculo “bonitinho”. Nada de cores explodindo, nada de saturação, apenas a serenidade de um fim de tarde tranquilo e de contrastes normais…
Por João Paulo Mazzilli Costa
Do site Geosfera.com.br
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