O monte Aconcágua – Sentinela de Pedra – tem 6.962 metros de altitude, e é simultaneamente o ponto mais alto das Américas, de todo o Hemisfério Sul e o mais alto fora da Ásia. Fica localizado nos Andes Argentinos, a cerca de 112 km da cidade de Mendoza. Está localizado no Parque Provincial Aconcágua, cuja entrada fica próxima ao povoado de Puente del Inca.
Possui três vias de acesso: a normal, o Glaciar dos Polacos e a Parede Sul. A mais frequentada é a rota normal ou noroeste, que apresenta menos obstáculos técnicos – mesmo assim, não é recomendada para aventureiros não climatizados ou não experientes. As outras duas requerem escalada em gelo e rocha. A sua silhueta árida, os cumes gelados, o deserto de um lado e o oceano do outro mostram a magnitude e a magia da natureza.
Por ser a montanha mais alta das Américas desafia todos os anos montanhistas de todo mundo a escalá-la. Existem alguns locais para acampamentos para quem deseja realizar a subida da montanha: Confluência a 3368 m de altitude, Plaza de Mulas 4370 m. – que é o acampamento base -, Nido de Condores a 5560 m e Berlim a 5926 m.
Apesar de sua altitude, o Aconcágua não é uma montanha difícil de ser escalada do ponto de vista técnico, pois para atingir o seu cume pela rota normal não é necessário que o montanhista realize escaladas técnicas. O desafio que a montanha apresenta é um teste de resistência física pois o montanhista tem que superar o frio e a falta de oxigênio comum às grandes altitudes.
Chegando ao cume
CONHECENDO UM POUCO DA HISTÓRIA
A primeira grande exploração européia na região dos Andes Centrais aconteceu em 1817, quando o General Jose de San Martin cruzou a cordilheira para libertar o Chile dos espanhóis. San Martin passou três anos preparando o exército dos Andes na região de Mendoza e propôs atacar os espanhóis em Santiago e Valparaíso, pelo chão, cruzando através das terras que circundam os montes Mercedario, Aconcágua e Tupungato.
Seu exército consistia de 5.300 soldados e 10.600 mulas que conduziram sua artilharia através de passagens a mais de 4000 metros de altitude para surpreender os espanhóis, que imaginavam que qualquer invasão viria pelo mar. Foi uma vitória que não veio sem grandes perdas e os corpos de 6 mil mulas e mil cavalos marcaram a rota através dos Andes.
Tesouro – Em 1832, Charles Darwin notou a imponência do Aconcágua quando cruzava os Andes durante uma jornada em terra na viagem do Beagle, que estava ancorado no porto chileno de Valparaíso. Mas foi somente em 1883, com o determinado alpinista alemão Paul Gussfeldt, que começaram as primeiras tentativas concretas de europeus buscando escalar o Aconcágua.
Gussfeldt fez a aproximação ao Aconcágua desde Santiago (Chile) e pelo caminho recrutou alguns arrieros (condutores de mulas) fazendo-os acreditar que havia um tesouro enterrado na montanha. Ele cruzou a crista andina até o noroeste do Aconcágua e fez a aproximação final subindo o rio Volcán.
O alemão fez duas ousadas tentativas de atingir o cume desde as cabeceiras deste rio, tendo maior sucesso na primeira, quando atingiu a altitude de 6.560 metros através da crista noroeste (perto de onde o abrigo Independência está localizado atualmente).
Mesmo tendo sido uma expedição que fracassada (Gussfeldt não atingiu o cume) este foi um acontecimento surpreendente levando-se em conta as dificuldades na aproximação à montanha e o precário equipamento disponível na época. Paul Gussfeldt foi o primeiro a enfrentar aquilo que viria a ser a rota normal.
Enfim, a conquista – A primeira escalada da rota normal aconteceu entre 1896-1897 por uma expedição liderada pelo inglês Edward FitzGerald. A expedição de FitzGerald contava com outro escalador inglês, Stuart Vines, e com mais alguns carregadores suíços e italianos, sob a direção do renomado guia suíço Matthias Zurbriggen.
O primeiro problema de FitzGerald estava em determinar a melhor aproximação à montanha. Ele estava a par das explorações de Gussfeldt, mas acreditava que uma melhor aproximação seria a partir do sul, onde havia sido construída uma estrada rudimentar entre Mendoza e Santiago.
Eles primeiro subiram o rio Vacas até concluírem que o lado leste da montanha era inviável. Seguiram, então, pelo vale Horcones inferior, o que os levou até a vertiginosa parede sul. Então retornaram para o Vale Horcones Superior e subiram até sua cabeceira.
Para superar a atual rota normal, que tem para muitos a reputação de não ser mais do que uma caminhada pesada, a expedição de FitzGerald teve de manter um longo cerco ao Aconcágua. Foram necessárias cinco tentativas, em seis semanas, antes que Matthias Zurbriggen chegasse sozinho ao cume, em 14 de janeiro de 1897, subindo uma linha direta sobre o trecho conhecido como Gran Acarreo.
No mês seguinte, FitzGerald, Vines e Nicola Lanti (um dos carregadores italianos) realizaram nova tentativa, com Vines e Lanti atingindo o cume em 13 de fevereiro, concretizando, assim, a segunda escalada do Aconcágua.
É lamentável que FitzGerald, acometido por recorrentes acessos de mal de altitude, não tenha conseguido chegar ao cume. Mas isso em nada diminui sua importância como o criador e líder dessa bem sucedida expedição que, após o Aconcágua, rumou ainda para o sul, onde Vines e Zurbriggem fizeram a primeira escalada do Tupungato (6.550m), marcando assim mais um feito na história do montanhismo na América do Sul.
Principais escaladas
EM DIREÇÃO AO TOPO DO ACONCÁGUA
Primeira ascensão absoluta da montanha
O alpinista inglês Edward Fitzgerald dirigiu, no verão austral do ano 1897, a expedição que logrou a primeira ascensão absoluta da “Sentinela de Pedra”. O grupo de Fitzgerald acessou os grandes pedreiros da face Noroeste da montanha depois de contornar o Valle do Rio Horcones. Depois de várias tentativas esforçadas o guia suíço Mathias Zurbriggen chegou em solitário ao cume em 14 de janeiro de 1897. Poucos dias depois, seguindo a mesma rota, coroaram o cume Nicolás Lanti e Stuart Vines, membros da mesma expedição, que lograram assim a segunda ascensão absoluta.
Primeira ascensão Argentina
O Tenente Nicolás Plantamura, do Exército Argentino, alcançou o cume em 8 de março de 1934, seguindo a rota normal e em companhia dos alpinistas italianos P. Ceresa, P. Ghigliole, R. Chabod e do arriero chileno Mariano Pastén.
Primeira ascenção do Glacial Nordeste (Glaciar de Los Polacos)
Em março de 1934 os polacos V. Otrowski, K. Narkiewicz, 5. Daszinski y 5. Osiecki abriram um novo itinerário até o cume através do belo glacial Nordeste, conseguindo a oitava ascensão da montanha. Desde então este glacial se denomina “Glaciar de los Polacos”.
Primeira ascensão feminina
Lograda pela francesa Adriana Bance, em 7 de março de 1940, acompanhada pelo alemão Jorge Link e os membros do Club Andinista Mendoza, Pablo Franke, P. Etura, D. López y J. Semper.
Primeira ascensão do cume Sul
Os alemães T. Koop y L. Heroid alcançam pela primeira vez o cume Sul da montanha em janeiro de 1947. Seguiram a via normal até a metade da “canaleta” e desde ali se dirigiram para a direita até chegar ao portezuelo entre os dois cumes.
Primeira ascensão do Filo Sudoeste
Em 23 de janeiro de 1953, coroam o cume Sul abrindo uma nova via os suíços F. y D. Marmillod e os argentinos F. Grajales e F. Ibáñez. Esta ascensão representa a primeira ascensão feminina do cume Sul.
Primeira ascensão invernal da montanha
De 11 a 15 de setembro de 1953, os argentinos E. Huerta, H. Vasalla e F. A. Godoy conseguiram a primeira ascensão invernal seguindo a via normal.
Primeira ascensão da Parede Sul
Esta importantíssima primeira escalada, que alcançou repercussão internacional, foi realizada pelos franceses R.Paragot, G.Poulet, A.Dagory, L. Berardini, P.Lesseur, e E.Denis. Depois de sete duros dias de escalada, eles chegaram ao cume principal no final de fevereiro de 1954.
Primeira ascensão do Glaciar Leste (Glaciar de los Ingleses)
Durante o mês de fevereiro de 1978, em estilo alpino, os argentinos G. Vieiro, E. Porcellana e J. Jasson inauguraram uma nova via de considerável dificuldade técnica. A denominaram “Via Argentina”.
Primeira travessia do cume Sul ao cume Norte
Em 2 de janeiro de 1979, os espanhóis X. Erro, M. Zabaleta e Y. Hugas concretizaram a primeira repetição do filo Sudoeste, coroando os dois cumes e unindo-os em travessia pela primeira vez. Desceram pela rota normal.
Primeira ascensão invernal do Glaciar de los Polacos
No inverno de 1980 os catalães N. Serrat A. Villena, apoiados por vários companheiros, alcançaram o cume do Aconcágua seguindo o Glaciar de los Polacos, utilizando esquis na maior parte do caminho.
Primeira descida em asa delta
Em janeiro de 1981 o prestigioso alpinista francês J. M. Boivin pilotou uma asa delta dupla, conseguindo descer em 30 minutos até Plaza de Mulas. O co-piloto foi L. Marchal. Os dois subiram três vezes ao cume até que as condições meteorológicas fossem propícias para o vôo.
Primeira ascensão solitária da Parede Sul
O francês I. Girardini, em quatro dias de escalada e seguindo a rota francesa de 54, com a variante de saída da via Messner, chegou ao cume em solitário em janeiro de 1981.
Primeira escalada invernal da Parede Sul
Esta difícil e dura escalada foi realizada por uma expedição japonesa em agosto de 1981. T. Hasegawa alcançou o cume em solitário depois de ter seguido a via Messner.
Primeira escalada feminina da Parede Sul
Durante o verão de 1984, a norte-americana Titonne Bouchard e seu esposo escalaram a Parede jul, seguindo a via Messner. Ela se tornou a primeira mulher a escalar esta difícil parede.
Primeira descida com parapente
Em 2 de fevereiro de 1985, o Capitão da Força Aérea Francesa, A. Steves, abriu seu levíssimo parapente a uns 200 metros abaixo do cume. Impulsionado por correntes ascendentes, ele se elevou a cerca de 20 metros mais alto que o cume, para depois descer em aproximadamente 25 minutos até Plaza de Mulas.
Primeira bicicleta no cume
Em janeiro de 1986, os suíços F.Mariani, R. Notaris subiram com uma bicicleta “Peugeot” até o cume. Depois de filmar o sucesso, desceram grande parte da rota normal “pedalando” seu inusitado meio de transporte.
Primeira escalada local (mendocina) da Parede Sul
Após uma escalada em estilo alpino, seguindo a via francesa de 54, os mendocinos D.Alvarez, L.Sánchez, D.Rodríguez, A.Randis e o colombiano M.Barrios, chegaram ao cume em 23 de fevereiro de 1986.
Primeira descida sem cordas da Parede Sul
O alpinista esloveno Slavko Sveticic desceu em 10 horas desde o filo “del guanaco” até Plaza Francia, sem corda. Antes havia escalado com M.Romic, uma nova variante do filo Sudoeste, fazendo a primeira escalada do pilar Sul da Pirâmide (6.000m), em janeiro de 1988.
Primeira escalada da Parede Oeste
Uma cordada local (de Mendoza), integrada por D. Rodríguez e D.Alessio, conseguiu escalar, em janeiro de 1988, a desafiante parede Oeste do Aconcágua, em quatro dias. A via transcorre pelo centro da grande parede de 2.800 metros e termina no filo Sudoeste, muito próximo ao cume sul. Enfrentam várias cascatas de gelo bastante expostas e várias passagens em rocha de grande dificuldade.
Fonte: Aconcágua – A Climbing Guide – (R.J.Secor – Ed. The Mountaineers); 7000 Metros – Diário de Supervivencia – (Fernando Garrido – Ed.Martinez Roca – Aventura).
Imagem 180º
Os picos mais altos do mundo
OS 7 CUMES DOS 7 CONTINENTESClicando nos links abaixo você pode conferir mais informações sobre cada um dos maiores cumes dos sete continentes.
Monte Everest – 8.844m (Ásia)
Aconcágua – 6.962m (América do Sul)
Monte McKinley (Denali) – 6.194m (América do Norte)
Kilimanjaro – 5.895m (África)
Monte Elbrus – 5.642m (Europa)
Maciço Vinson – 4.892m (Antártida)
Monte Kosciuszko – 2.228m ou Pirâmide Carstensz – 4.884m (Oceania)
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