Carrancas reserva algumas surpresas para os visitantes, especialmente para os que se interessam pela documentação natural do homem. As pinturas rupestres em Carrancas foram encontradas no complexo da Zilda e são autênticas representações pintadas em vermelho, na rocha, que datam cerca de 3.500 anos atrás. É curioso estar no local e tentar voltar no tempo, dos coletores-caçadores, e buscar o significado destas formas.
A exemplo do grande sítio existente em Andrelândia, as pinturas existentes em Carrancas foram classificadas pelos arqueólogos como pertencentes à chamada Tradição São Francisco, um estilo caracterizado pelo grande número de representações geométricas que, até então, só havia sido encontrado no Norte de Minas Gerais, fato que pode ser a prova definitiva de rotas migratórias pré-históricas ocorridas no interior do Brasil. Segundo o historiador Cristiano Lima Sales, da Universidade Federal de São João Del Rei, este tipo de grafismo ainda é pouco estudado na Academia e pode ser observado em algumas cidades do Sul de Minas, o que pode nos levar a repensar as atuais teorias sobre a movimentação de grupos de índios pelo estado.
Este tipo de traço está presente em Carrancas, Andrelândia e São Thomé das Letras. A simples existência dessas ‘áreas geométricas’ afastadas geograficamente com uma “região figurativa” intermediária (presente no centro de Minas) nos leva a repensar as teorias sobre trânsito (físico e de símbolos) entre populações pré-coloniais e também a rever as classificações dos conjuntos rupestres, que nos parecem, agora, ser muito mais complexos e difíceis de identificar precisamente”.
Exemplos desta pintura rupestre geométrica aparecem tanto ao Sul do estado quanto ao Norte. Em sítios arqueológicos encontrados na região central de Minas observa-se a presença de outro tipo de desenho: o figurativo. Essa pluralidade de traços intercalados vem intrigando estudiosos do assunto.
Em Carrancas, o Sítio Arqueológico Lapa da Zilda, foi recém-criado com o objetivo de conservar o local e assim garantir o acesso aos visitantes e aos pesquisadores. Em fevereiro de 2012 a Administração Municipal juntamente com o Ministério Público de Minas Gerais, assinaram uma TAC – Termo de Ajustamento de Conduta que prevê uma revisão do processo de tombamento do local, de acordo com as exigências do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). Além disso, deverá ser elaborado um projeto de conhecimento e gestão do sítio arqueológico, com a adequação de instruções à visitação, plantio de espécies arbóreas no entorno das pinturas rupestres, análise dos grafismos por meio de calques, implantação de passarelas para a observação das figuras e de área de convivência por meio de projeto arquitetônico e paisagístico.
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