O lema é viajar muito e gastar pouco. No dicionário de um mochileiro, a palavra mais atraente parece ser desafio. Como conciliar trabalho, estudo e, muitas vezes, dificuldades financeiras com a enorme vontade de conhecer novos lugares? O geógrafo e pesquisador Pedro Hauck, 25 anos, tem as respostas. Adepto do montanhismo e dono do site Gente de Montanha (www.gentedemontanha.com.br), Pedro dá motivos de sobra para encarar todos os obstáculos comuns na vida de quem ganha pouco mas cumpre o principal objetivo: viajar.
Antes mesmo da maioridade, Pedro já tinha histórias para contar da sua vida de viajante. Com apenas 17 anos, já incorporando o espírito de mochileiro, ele saiu de São Paulo de carona (em alguns momentos, andava a pé) e foi até Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Em sua opinião, ser mochileiro significa “se abster de luxos turísticos, como resorts e restaurantes e vivenciar a cultura local”. Já em sua primeira aventura, o futuro geógrafo já sabia o que era se sacrificar em prol de um ideal.
Mas sua melhor viagem, segundo ele, viria um ano depois. Acompanhado do amigo Maximo Kausch – considerado, hoje, um dos melhores montanhistas do Brasil – ele foi para a Patagônia, é claro, de carona. Os dois escalaram cinco montanhas no caminho da viagem, sem nunca terem tido contato com gelo antes, e com material improvisado. Eles viajaram cinco meses pela América Latina com apenas US$ 800 no bolso. “Tivemos sorte”, afirma.
Pedro confessa: economiza muito para fazer as viagens. Até hoje ele não tem patrimônios ou uma bela poupança, pois todo dinheiro é investido nas suas aventuras. E isso não é motivo para lamentos. Ele vê apenas como uma opção. Aliás, a escolha da profissão reafirma esse sentimento. “Procurei a Geografia, pois vi nela uma maneira de conciliar paixão e trabalho”, explica.
Para o geógrafo, ser mochileiro é possível em qualquer profissão. “Tanto um advogado quanto um administrador podem encarar as aventuras, basta gostar”. Ele ainda acrescenta que considera isso um movimento importantíssimo para o Brasil, onde poucos são os que têm condições de viajar com luxos. Conhecer novos lugares na condição de mochileiro, segundo ele, possibilita à classe desfavorecida o direito “sagrado” de viajar.
Autor: Daniele Barbosa
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