O VALE DO PATI
O Vale do Pati está localizado bem no coração do Parque Nacional da Chapada Diamantina e, por sua exuberante beleza, é um dos lugares mais visitados por aqueles que gostam de fazer caminhadas em ambientes naturais.
Devido à variação de relevos e à sua posição geográfica, a região do Vale do Pati e seus arredores é considerada um dos refúgios paisagísticos mais belos do País, na qual se pode apreciar, com um pouco de sorte, variedades de pássaros, mamíferos e répteis que lá se refugiam. Além disto, aquela região é possuidora de uma riquíssima flora, peculiar em seus ecossistemas, como nos jardins naturais da vegetação rupestre, nos campos gerais, nas florestas estacionais de planície e sempre-verde de altitude, que se estendem pelas encostas dos morros.
Destes campos gerais, (Gerais dos Vieira e Gerais do Rio Preto), nascem alguns rios que irão formar, mais adiante, a principal bacia hidrográfica do Estado da Bahia: a bacia do Rio Paraguaçu.
O Vale do Pati pode ser alcançado, sempre caminhando, em várias direções.
Eis as opções de partida e de chegada para quem quer cruzar o Vale do Pati:
- Ao norte, pela Vila do Capão
- A leste, pela cidade de Andaraí
- Ao sul, pela cidade de Mucugê
- A oeste, pela Vila de Guiné
Destacamos aqui, apenas, a trilha mais utilizada pela maioria dos trilheiros e guias da Chapada Diamantina:
Andaraí -> Capão (leste -> norte).
Esta trilha pode ser feita em 3 dias de caminhada, contudo requer grande esforço dos visitantes.Caso você disponha de mais tempo ou, porventura, não esteja habituado a fazer trilhas de longo percurso, vale a pena relaxar e fazer este roteiro, sem pressa, em 4 ou 5 dias, com 3 ou 4 pernoites.
A TRILHA
Partindo da cidade de Andaraí (0) temos que vencer, inicialmente, uma subida longa até o alto da Serra do Ramalho, no Mirante do Cachoeirão, onde começa a descida para o vale, através da Ladeira do Império (1).
A Ladeira do Império é uma longa descida, calçada de pedras em grande parte do seu percurso.
Durante muito tempo, foi utilizada por seus moradores para escoar para Andaraí, no lombo de animais e suas bruacas, os alimentos produzidos no vale, como bananas de várias qualidades, além de laranja, alface, couve, café etc.
Depois de algum tempo de caminhada, através da descida da ladeira, nos deparamos com um grande paredão de granito à nossa frente e com uma bifurcação. Podemos seguir em frente até a ponte (3) ou seguir à esquerda nesta bifurcação, ultrapassando uma cancela e adentrando mais adiante num caminho sinuoso, atravessar uma pinguela sobre o Rio Pati e chegar à Casa de Jóia (2).
Esta primeira parada é uma boa opção para pernoitar e oferece um ótimo café da manhã.
No dia seguinte, na continuação do trajeto, seguimos caminhando rumo àPrefeitura do Pati (7), cruzamos o Rio Cachoeirão e passamos nas proximidades de algumas casas, dentre as quais a de Seu Eduardo (4), outra opção de pernoite. Existem também nos arredores algumas opções para acampar: no encontro do Rio Cachoeirão com o Rio Pati, ao lado da escola e, mais adiante, nos arredores daPonte (3), em acampamento selvagem.
Antes de chegar à Prefeitura, podemos fazer uma parada para tomar um banho reanimador no Poção da Árvore (6), uma corredeira com várias quedas d’água, que deságuam numa grande piscina natural.
A Prefeitura (7) é um antigo entreposto de mercadorias e produtos produzidos no Vale do Pati que os tropeiros utilizavam como pouso e para conferir acertos de contas antes de seguir em viagem para Andaraí, grande centro urbano da época. Atualmente, a Prefeitura (7) serve como pouso dos trilheiros que visitam o Vale do Pati. Lá é fácil encontrar outros caminhantes que compartilham da mesma experiência. À noite, em volta da fogueira, sempre rola um papo interessante e animado sobre as últimas novidades e aventuras na Chapada Diamantina.
Ao lado da Prefeitura encontra-se a casa de Jaílson, “guardião” daquele importante pouso. Ele e sua esposa oferecem aos visitantes um bom café da manhã, uma boa janta com comida caseira, em sua própria casa, na qual nos sentimos à vontade devido à generosa hospitalidade e acolhimento.
Ao chegar à Prefeitura, temos duas opções de passeios:
- Conhecer a Cachoeira do Calixto (8) no sentido norte, atravessando uma floresta sempre-verde até o leito do Rio da Lapinha onde se encontra a cachoeira.
- Seguir no sentido sul até o Cachoeirão por cima (5), subindo a Serra do Sobradinho através de uma fenda coberta de floresta sempre-verde, entre duas rochas monumentais. Lá do alto da serra, já no Cachoeirão, pode-se vislumbrar um panorama inesquecível do canyon do Cachoeirão o qual se estende pelo vale adentro.
Neste passeio é indispensável o acompanhamento de um guia experiente devido à dificuldade do percurso.
O Cachoeirão (5), em tempo de chuva, oferece um espetáculo impressionante, com 18 quedas d´água ao longo do paredão. Esta visão do Cachoeirão, com muita água, só pode ser observada por cima, no alto da serra, frente à dificuldade do percurso por baixo, no leito do rio, que é pedregoso e escorregadio.
Na volta do Cachoeirão, podemos fazer o terceiro pernoite na casa de Dona Raquel (13).
Saindo da casa de Dona Raquel, na manhã seguinte, passamos em frente à casa de Sr. Wilson (7), local onde podemos, agradavelmente, tomar uma cerveja gelada e pegar um ânimo para subir o Morro do Castelo (10).
No alto do Morro do Castelo existe uma gruta que pode ser ultrapassada, por isso, lembre-se de levar lanterna. Na entrada da gruta existe uma nascente onde você poderá abastecer os cantis.
Do outro lado da gruta temos uma bela visão panorâmica do lado leste do morro. É o visual mais incrível do Pati!
Na descida do Morro do Castelo, para quem ainda tem disposição para caminhar, a opção é tomar um bom banho na Cachoeira dos Funis (11) antes de retornar à casa de Sr. Wilson. O espaço de Sr. Wilson é outra boa opção de pernoite, oferecendo também uma boa janta e café da manhã.
Após o café da manhã reforçado, temos uma longa caminhada até o Vale do Capão.
Aqui apresentamos duas opções de percurso:
- Caminhar na direção dos Gerais dos Vieira, passar ao lado da Ruinha (12) (casa antiga e igrejinha que servem de ponto de apoio para os caminhantes que passam pelo Pati) e, no seguimento da trilha, contornar o Morro Brancoaté alcançar o Gerais dos Vieira.
No mapa todo este trecho está na cor vermelha. - Subir a Rampa e seguir pela borda leste do Gerais do Rio Preto, um dos mais belos visuais da Chapada, tomando um caminho mais seco, até alcançar a descida da Ladeira do Quebra Bunda (16).
No mapa todo este trecho está na cor laranja.
Em ambos os caminhos, as trilhas se encontram mais adiante próximo ao Rancho dos Vaqueiros (17).
Podemos dar uma parada no Rancho, tomar um banho reanimador no poço doCórrego dos Cristais, relaxar um pouco e retornar à caminhada em direção ao Vale do Capão.
O Rancho é uma construção rústica, feita por criadores de gado e caçadores, anterior à criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina, no ano de 1985. Esta construção servia de apoio para essas pessoas em suas jornadas no manejo com o gado, bem como para o pernoite antes de seguir caminho para o Povoado de Guiné.
A partir do Pouso do Rancho dos Vaqueiros (17), seguimos pelos Gerais dos Vieira, passando pelo Córrego da Açucena e Rio Ancorado até alcançar o Córrego da Galinha. Recomendamos uma parada neste local para abastecer os cantis e seguir em descida tranquila até o final do vale, num lugar chamado Bomba (20). Neste local onde termina a trilha, começa uma estradinha de terra (em roxo no mapa) que conduz à Vila de Caeté Açú (21).
Nesta parada final podemos tomar um refrescante caldo de cana, comer um pastel de palmito de jaca e aguardar um transporte para a Vila de Caeté-Açu (Capão).
Na vila, existem muitas opções de pousadas e campings, além de comidas típicas da região, a exemplo da Pizza do Thomas, integral e assada na lenha, além de um gostoso godó de banana, cortado de palmito de jaca, maniçoba, dentre outras iguarias da região.
ÍNDICE DO MAPA
0 – Cidade de Andaraí
1 – Mirante do Cachoeirão
2 – Casa de Jóia
3 – Ponte do Rio Pati
4 – Casa de Seu Eduardo
5 – Cachoeirão
6 – Poção da Árvore
7 – Prefeitura do Pati
8 – Cachoeira do Calixto
9 – Casa de Seu Wilson
10 – Morro do Castelo
11 – Cachoeira dos Funis
12 – Ruinha / Igrejinha
13 – Casa de Dona Raquel
14 – Trilha para a Cidade de Mucugê
15 – Trilha para a Vila de Guiné
16 – Ladeira do Quebra Bunda
17 – Rancho dos Vaqueiros
18 – Poço Angélicas
19 – Cachoeira da Purificação
20 – Bomba
21 – Vila do Capão (Caeté-Açú)
Locais para comer e pernoitar, sem barraca:
2, 4, 7, 9, 12 e 13
Locais para pernoitar, com barraca:
2, 3, 4, 7, 9, 12, 13 e 17
DISTÂNCIAS APROXIMADAS
Andaraí -> Topo da Ladeira do Império | 9,0 Km |
Topo da Ladeira do Império -> Casa de Jóia | 3,2 Km |
Topo da Ladeira do Império -> Ponte | 9,2 Km |
Casa Jóia -> Prefeitura | 2,4 Km |
Ponte -> Prefeitura | 3,5 Km |
Prefeitura -> Seu Wilson | 3,0 Km |
Seu Wilson -> Ruinha | 2,5 Km |
Ruinha -> Rancho dos Vaqueiros (via Gerais dos Vieira) | 9,4 Km |
Ruinha -> Rancho dos Vaqueiros (via Gerais do Rio Preto) | 9,6 Km |
Rancho -> Bomba | 8,2 Km |
Bomba -> Vila do Capão | 5,7 Km |
DICAS ÚTEIS
- Você pode comprar um mapa detalhado com esta e muitas outras trilhas da Chapada Diamantina, através do site TrilhaseCaminhos.com.br
- Lembre-se de levar em sua mochila o saco de dormir e o isolante térmico.
- Caso venha a fazer o caminho inverso, Capão -> Andaraí, encha ao máximo seu cantil com água antes de subir a Ladeira do Império, uma vez que a subida é longa e você levará um bom tempo até encontrar água novamente.
- Se você fez a escolha de subir a Serra do Rio Preto, leve em consideração que esta opção é mais rápida e o visual é mais bonito, mas a subida é bem íngreme e um pouco cansativa. Encha os cantis antes de subir a serra. A segunda opção é menos recomendável por conta da lama (se houve chuva recente) ao longo da subida até o Gerais dos Vieira.
- O trecho do Vale do Capão (Bomba -> Vila) é de estrada vicinal. Vale a pena conseguir um transporte para a vila e economizar aproximadamente, 6 km de caminhada.
- Ainda que você esteja acampado, evite fazer fogueiras. Leve fogareiro.
- Respeite a natureza e traga todo seu lixo de volta.
Autor: Alberto Alpire
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Ver Comentários (5)
Experiência única,muito linda essa trilha, saudades do Pati da Dona Maria e Sr Wilson nativos do vale.Mlehores 6 dias da minha vida.
Eles são encantadores!
Olá Cristiane, tudo bem? Você pode indicar o contato do guia e/ou da empresa que você contratou?
Acabamos de voltar da trilha, fizemos em 4 noites e 4 dias e meio a partir do Capão até Andaraí. Experiência maravilhosa! Vale do Patí é sucesso da Bahia. Agora vou me preparar para a próxima, recuperar o folego e pé no barro novamente.
Olá Tácio, tudo bem? Você pode indicar o contato do guia e/ou da empresa que você contratou?