Se for viajar para o Chile, especialmente para Santiago, e quiser esticar a viagem para região de Valparaíso e Vina del Mar, é sempre uma ótima ideia gastar um tempo conhecendo as vinícolas. Torna-se obrigatório já que a região possui importantes e premiados rótulos. Essa sugestão de roteiro pela Rota do Vinho no Chile inclui 2 dias viajando de Santiago para Valparaíso e de Vina del Mar para Santiago, deixando o terceiro dia para as duas maiores produtoras do Chile: Concha y Toro e Undurraga.
O mais importante é escolhê-las por afinidade e se informar sobre os tours. Das 7 vinas que eu e meu companheiro de viagem resolvemos visitar, fizemos 5 tours em vinícolas. E todos foram diferentes e inspiradores: fui para o país não conhecendo nada sobre vinhos e voltei sabendo degustar e até arriscar mais em harmonizações com alguns pratos.
Os preços dos tours variam entre CL$ 12.000,00 e CL$ 15.000,00 – minha viagem foi em Maio de 2015. É importante também agendar com antecedência os tours pela internet e montar um primeiro esboço do seu roteiro, pois no nosso caso, teríamos um sábado, um domingo e uma segunda feira para realizar os tours e acabou caindo no domingo de dia das mães, então, houveram vinícolas que estavam com tours lotados e jogamos para a segunda feira. Já outras não abrem às segundas, então resolvemos visita-las no domingo mesmo correndo o risco.
Como se locomover – Para o transporte eu recomendo alugar um carro e seguir pela rota 68, uma via com montanhas e visuais incríveis, muito bem sinalizada e com um asfalto dos sonhos de qualquer motorista. Para manter-se assim, tem pedágios ao deixar Santiago e outros ao entrar em distritos como Casablanca, onde estão reunidas as maiorias das vinícolas. Mas há passeios por empresas de turismo e vale pesquisar qual te atenderá melhor. No terceiro dia, nós preferimos utilizar a empresa de turismo com qual já havíamos feito nossos transfers e nosso tour ao Valle Nevado.
No primeiro dia fomos à Chilean Rent a Car (-33.434236, -70.633084), locadora que muitos brasileiros recomendam e que, além de tudo, ainda contam com atendimento em português. Ela fica praticamente na frente do Pátio Bellavista, entre vários pontos turísticos e com saída do metrô relativamente perto – 8 min a pé da estação Baquedano. Alugamos um carro com GPS, pois será muito útil, já que algumas vinícolas colocam latitude e longitude para ajudar no deslocamento.
Pegamos o carro às 9h da manhã e saímos umas 9:30h, depois de assinar contrato, conferir documentação e conferir o carro. Assim, seguimos pela Costanera Norte – direção oeste, contrário às Cordilheiras dos Andes – ponto de referência necessário e que será utilizado constantemente para andar por Santiago.
Rota do Vinho no Chile
Vinícola Veramonte
A nossa primeira vinícola foi a Veramonte (-33.370520, -71.294780), produtora que se encontra logo na entrada do distrito de Casablanca. Passamos pela recepção do casarão (-33.374189, -71.291095), que também é a sala de vendas, e encontramos uma família com oito pessoas da Colômbia, que além de nós, seguiria para o tour das 11h, previamente marcado. O tour te leva direto para a plantação, quase a perder de vista, várias uvas. Das mais populares, como Cabernet, até a uva francesa que se adaptou muito bem ao Vale do Maipo, a Carmenére. E aí tem degustação de uvas direto do pé e passeio pelas instalações da fábrica. Tudo em espanhol.
No final, optamos pelo tour com a degustação de vinhos harmonizando com chocolates, custando CL$ 15.000,00. Há opção de harmonização com queijos também. E depois de tudo, é só passear pela sala de vendas para levar pelo menos um dos vinhos da degustação; e os preços valem a pena. Recomendo o Primus The Blend 2012 e o top da casa, Neyen. Há também o premiado Cabernet Sauvignon da casa.
Vinícola Viñamar Casablanca
Saímos da Veramonte pegando a rota 68 em direção à Valparaíso para conhecer a vinícola Viñamar Casablanca (-33.357553, -71.352902). Essa já bem maior que a anterior, com um casarão branco imponente e que gera lindas fotos pela arquitetura e a sua bela fonte. Infelizmente não conseguimos um tour, mas pudemos andar pela propriedade e soubemos que eles têm até dois quartos para pernoite, que claro, como tem um ar romântico, para uma hospedagem, requer uma grande antecedência.
Day-Tour em Valparaíso e Viña del Mar
Aproveite o restante do dia para ir para Valparaíso. Comece pela praça Sotomayor, vá ao funicular e na parte alta da cidade veja os telhados com street art, os inúmeros restaurantes e galerias de arte, bares e até uma cervejaria artesanal, na Altamira Casa Cervecera. Lá tem um menu degustação das cervejas da casa e hambúrgueres caseiros incríveis. Depois esticamos para Viña del Mar no final do dia, fizemos no Hostal Residencia Blest Gana e fomos a um restaurante para beber um bom vinho e comer uma boa massa.
Dica de onde se hospedar: Valparaiso vale mais para quem deseja ficar em hostel, pois a night por lá é bem intensa. Viña del Mar tem bons hotéis, porém é mais caro e voltado para casais e famílias.
Na manhã seguinte, fizemos um rápido passeio pela cidade, pelo Castelo Wolf, tiramos fotos no Cassino e depois de uma caminhada pelo centro: voltamos para pegar o carro e seguir a rota 68 voltando para Casablanca.
Vinícola Loma Larga
Decidimos ir para a vinícola Loma Larga (-33.288146, -71.385926), que tem um vinho Malbec premiado. Fomos recebidos pela Estefânia, uma chilena nascida em Valparaíso e que ama o Brasil; já visitou Rio, Centro Oeste, Nordeste e abre um sorriso gigante quando brasileiros visitam a propriedade. Optamos não fazer o tour (depois nos arrependemos, mas é que já tínhamos agendado outro) e fomos direto para sala de vendas.
Eu fui direto pro vinho premiado, vendo preços, mas acabou que a enóloga ofereceu um Malbec da linha Lomas del Valle e outro da linha Loma Larga. Perfeitos! Levei os dois. Recomendo levar também o Rosé (Cabernet Franc) que meu amigo comprou e acabamos bebendo dias depois no hotel.
Vinícola Casas del Bosque
Depois, fomos para o tour na vinícola Casas del Bosque (-33.317499, -71.435058), com linda entrada e restaurante próprio, o Tanino. Se já estiver com fome, vale a pena beliscar algo já que os restaurantes destas vinícolas costumam ser mais caros que os restaurantes convencionais. Porém, muito bem falados.
Pois bem, o tour começou pela recepção e passamos por toda plantação de uvas – que estavam secas, pois em Maio é pós colheita; a melhor época é entre Março e Abril. Depois fomos para a parte de fabricação e envasamento da produção. Foi um tour muito interessante, pois enquanto a Veramonte foi mais focada no lado de plantar e colher as uvas, a Casas del Bosque concentrou mais na produção em massa, mostrando maquinário e seus números de vendas e exportações.
Além de várias curiosidades, como por exemplo, a utilização de música no ambiente em que são armazenados os barris com vinho (eles acreditam que a vibração das ondas sonoras alteram o sabor do vinho). Após explorar a vinícola, aproveitamos e fizemos uma degustação dos vinhos da casa. Todos marcantes, do Carménère ao Cabernet, e que no final rendeu degustação de dois vinhos tops da bodega: Gran State Selection (91% Syrah e 9% Pinot Noir) e o Gran Bosque (100% Cabernet Sauvignon). Valem cada centavo!
Vinícola Emiliana
Após muita água e uma paradinha numa lanchonete, migramos para uma das vinícolas orgânicas do vale: Emiliana (-33.364644,-71.312460). Na propriedade há criação de alpacas e de vários outros animais que participam da rotina da vina. Na verdade, no tour, explicaram que como não utilizam fertilizantes ou qualquer produto químico, todos os animais e plantas tem uma função e ajudam no equilíbrio do plantio.
O tour foca bastante em toda esta parte e talvez tenha sido o mais diferente e envolvente, pois mostraram até a horta dos funcionários da Emiliana que aproveitam a terra tanto para plantar sua comida quanto para vender, por exemplo, sem repassar custo para ela. Ao contrário, a empresa acredita que se os funcionários estão felizes em fazer parte da família Emiliana, influencia todo processo gerando um vinho de alta qualidade. De fato, o gosto destes vinhos são únicos.
Na degustação com queijos, o Sauvignon Blanc era super suave e envolvente, o Chardonnay cítrico ao extremo e descia muito delicadamente. Já os tintos são espetaculares, encorpados e sabores complexos. No final, levei o Coyam, um blend de Syrah, Carménère, Merlot, Cabernet Sauvignon, Mourvèdre e Petit Verdot. Melhor adjetivo para ele: redondo. Pois todo o sabor dele é intenso e é para ser degustado lentamente, aproveitando cada gole.
Mercado Rio Tinto
Na volta passamos no Mercado Rio Tinto (-33.348062, -71.347014), um grande restaurante que também é uma pequena vinícola e supermercado de vinhos. Vale a pena provar uma empanada e aproveitar as promoções do local. Ele fica quase em frente a Viñamar Casablanca, do outro lado da Rota 68 – no mesmo sentido da Emiliana.
Vinícola Undurraga
Terceiro dia e optamos pelo serviço com a Souza’s Tour para visitarmos as vinícolas Undurraga e a Concha y Toro, duas grandes produtoras de Santiago. Primeiro a Undurraga (-33.647516, -70.885841), chegamos depois de 1 hora de viagem para direção sudoeste de Santiago. Muito arborizada e um tour muito envolvente, muito bem explicado e visitando todas as áreas da vinícola. Há até um santuário Mapuche, índios que ocupam território chileno, com estátuas que protegem a plantação da Undurraga.
A degustação, no final, foram de 4 vinhos bem distintos: um Sauvignon Blanc da linha T.H, um Cabernet Sauvignon da linha Pablo Neruda, um Carménère da linha Sibaris e um Late Harvest da Undurraga. Todos muito bons, mas destaque para a linha Sibaris e a taça que fica de presente para os que participaram do tour.
Cada empresa de turismo opta por almoço em algum restaurante entre as duas vinícolas. Depois do almoço, fomos para a Concha y Toro.
Vinícola Concha y Toro
A Concha y Toro é extremamente popular e com produção gigante, com destaque para a linha Casillero del Diablo, qual brasileiros amam pelo custo vs benefício. O bom do tour da Concha Y Toro é ser em português e com guias brasileiros. Nós tivemos como guias duas brasilienses que nos mostraram o casarão e contaram história da família que fundou a vinícola no final do século XIX. Depois vimos as plantações e o que mais achei interessante: eles possuem uma área com uma imensa variedade de uvas, então, facilmente conseguimos comparar as uvas.
Depois desta área temos a primeira degustação e experimentamos um Sauvignon Blanc da Concha y Toro. Após a degustação, conhecemos a linha Casillero del Diablo, que na verdade é a linha original da bodega. E ao final temos a desgutação de mais 2 vinhos: experimentamos o Trio, blend de Merlot, Carménère e Pinot Noir e um Cabernet Sauvignon. Perfeitos!
Mais vinícolas no Chile
Essa sugestão de roteiro pela Rota do Vinho no Chile é bastante sucinto, já que o país possui uma infinidade de vinícolas e encaixamos o que pudemos em apenas três dias. Ainda há vinícolas que não conseguimos visitar, como a Matetic, outra vinícola orgânica, a Santa Rita que fica perto da Concha y Toro, a Montes que foi a pioneira em vinhos no Chile, a Santa Cruz que conta com um teleférico para visualização das plantações bem do alto, e a Cousino Macul, outra de grande porte que possui um Pinot Noir incrível.
Dica importante: procure aproveitar não só o tour, mas algumas delas tem como fazer piquenique, passeios de bicicleta ou a cavalos – e há até de helicóptero – pela propriedade, degustação ao ar livre, curso rápido de degustação de vinhos e até espaços para festas como aniversários e casamentos – esse último seria sonho de qualquer amante de vinhos.
Boa viagem!
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Prezado Mauricio, boa tarde!
Gostei muito das suas dicas, mas fiquei com uma duvida. Voces alugaram um carro e desgustavam os vinhos. Não existe restrição no Chile com relação a bebida e direção ou alguma tolerancia maior que no Brasil?
sds,
Leandro Lacerda
Oi Leo, a matéria não é minha, mas eles contrataram um tour privado.
Assim puderam beber tranquilamente sem se preocupar com dirigir depois.
É o mais recomendado. 😉
Abs
Muito legais e oportunas as informações.
Bom dia,
voce tem alguma dica de agencia de turismo para contratarmos e sair do Brasil com tudo agendado?
Abs.
Oi Iwens, o mais bacana é percorrer tudo no seu tempo. Pra isso é recomendado o aluguel de carro e ir parando nas vinícolas, dormindo nas cidades, tudo sem pressa. Mas se optar por agência, o Rodrigo contratou a Sousas Tour, como está escrito no post. Eles fazem translados e vários tours por lá. Eles são brasileiros e atendem em espanhol e português. São pontuais e cobram valores justos. Bjs
Adorei conhecer a Concha y Toro, mas preciso voltar porque na época era menor de idade e não pude participar da degustação kkkk
E preciso conhecer outra vinícolas também!
Obrigada pelas dicas, já estão todas anotadas!
E parabéns pelo blog!
Hahhaha, tadinho… tem que voltar mesmo pra aproveitar 100% do tour
Você vai adorar!
boa tarde, a ideia é fazer quantas vinículas por dia? e qual seria a recomendação de hospedagem nessa região? seria todos os dias ida e volta de santiago?
Esse aí é um roteiro de 3 dias. Vocês vão visitar várias vinícolas por dia.
Essas vinícolas no Chile estão entre as melhores! Vocês vão amar.